ainda buscamos a rima
mesmo em tempos pós-modernos
já esquecemos do que Chaplin ensina
no calor agora usamos ternos
ainda buscamos a trilha
dos eternos jovens eternos
já nos perdemos na ilha
onde o mar é lava dos 7 infernos
quero gritar e não posso
tamparam os ouvidos do povo
o poeta não é meu, nem nosso
e cada um finge que é o novo
está chegada a hora de quebrar
o ponteiro das horas
matar o cordeiro do tempo
num banquete literário
deglutir o horário
caos/cosmos
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ela acordou feliz
pegou a toalha e colocou na varanda
o Sol entrou no quarto
ela sorriu
o calor do sorriso e do Sol
entraram na minha pele
eu acordei feliz
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os butijões de gás
me encaram
a motocicleta passa
me motorizo
a poesia vira bússola
propondo caminhos e trilhas
o motor é a poesia
consumindo o cotidiano
quando digo que te amo
a fagulha do amor
me chama
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um amigo me contou
que a experiência é uma coisa
que chega quando já é inútil tê-la
uma música diz
que o importante da vida é a travessia
a rima às vezes está na não-rima
pude perceber isso várias vezes
a gente não deve temer
a beleza que não se vê
o ser que vive precisa ser poeta
ou ator, dá no mesmo
as angústias são as mesmas sempre:
o medo de amar
o amor é um espelho
que quando existe realmente
entre dois, frente a frente
vira um infinito
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sonhar não deixa de ser
brincar de cinema
por mais que possa parecer
a vida é um filme sem tema
plano de Deus ou plano em close
a técnica ainda não é tudo
um misto de lucidez e esclerose
um filme moderno em um filme mudo
a diferença entre o sonho e cinema
é tão óbvia quanto pequena:
a luz do sonho é de olhos fechados
a escuridão do cinema é de olhos abertos
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