quinta-feira, 2 de setembro de 2010

nós

no claro da noite
no rastro do invisível
no sistema lunar
no brejo das almas
no porto adormecido
no velho menino
no sonho acordado
no beijo partido
no feliz aniversário
no foco da neblina
no olho do furacão
no meio do redemoinho
no silêncio gritado
no sol sustenido
no meio da rua
no disco de vinil
no prato vazio
no gole frio
no trabalho forçado
no discurso político
no passo apressado
no assunto esquecido
no vigia noturno
no mundo girando
no mundo da lua
no pedaço de bolo
no átomo partido
no lindo absurdo
no relógio quebrado
no jogo da vida
no baralho cortado
no vaso de flores
no vaso sanitário
no são francisco
no armário embutido
no quadro de horários
no vicente celestino
no banheiro da escola
no azul do mar
no azul do cu
no capacete preto
no formigamento do pescoço
no soluço de vinho
no gosto de vidro
no corte no pé
no sonho cicatrizado
no desenho do dragão
no gosto de vertigem
no sabor da morte
no vermelho vivo
no mindinho do pé
no perigo na esquina
no clube
no cativeiro liberto
no tênis sujo
no canto do quarto
no canto
no quanto
no quase
no nada
no nome
no novo
no livre
no fado
no sonho não sonhado

em tudo aquilo que vejo
me sou e não me caibo

em tudo aquilo que cheiro
me sinto e não me faço

em tudo aquilo que toco
me cego e não me abro

em tudo aquilo que como
me sacio e não me basta

em tudo aquilo que nada
aquilo tudo em que nada
tudo aquilo que nada em
nada que em aquilo tudo

poesia é perder é perder poesia
nos
nós

2 comentários:

  1. Poesia é perder.
    Ontem, mestre Ribamar disse: - O poeta escreve pra se livrar do poema.


    Tá refinando, Taiyo, tô gostando.

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