terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Posse

o relógio também espera
olhando por entre a multidão
os ponteiros querem ser bússola
querem olhar as estrelas (ou a única)
ele também espera, de ter esperança,
que o seu mecanismo, hoje, possa
tomar partido na posse,
andar com segurança e em sentido horário,
e em cada marcação refletir o tempo
presente

as bandeirinhas também esperam
olhando por cima da multidão
as cores querem ganhar os ares
colorindo o incolor do céu de frio em calor
e enrubrescendo os rostos
querem se entregar aos bons ventos
não como bandeiras, mas asas
pulsando nos ares em bando, do céu distribuindo
presentes

e no centro das atenções
a palavra, mais que a imagem?
quer ser feita relógio e bandeirinha
quer ser de vento morno
quer entregar doces e levantar caídos
a palavra não quer mais ferir
não quer esconder murmúrios de dor
a palavra quer o seu destino na História
presente

e lentamente, abraçando a todos com seu hálito
toma posse dos nossos sentidos, ainda inebriados,
deixando nos sorrisos fragmentos de perguntas
filosóficas

e ainda viva, a palavra percorre os cantos do mundo
abraçando outras palavras de crítica
como uma família de palavras que se encontra depois da
guerra

uma conversa
calçada
palavras ou não

só precisa a presença

3 comentários:

  1. poeta,
    que linda dança de palavras,
    onde em meus sentidos
    transformam se em
    notas musicais.
    bjs

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  2. sim, vou dizer o óbvio, são lindas suas palavras, o que não é lindo
    são os contrastes,
    as origens do
    empossado,
    e a máquina-sitema que o movimenta,
    o resto é tudo lindo que a
    poesia inventa e
    reinventa,


    ¨

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  3. obrigado pelas gentis palavras,
    elas são sempre motivadoras de descobertas

    obrigado

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