hoje vamos fazer uma viagem
só quem fechar os olhos
o chão na verdade é nuvem
e a gente está flutuando
conhecer as cicatrizes do planeta
as civilizações perdidas
os oceanos, pacificamente
flutuando da raiz ao fruto
fazendo um suco
da coagulação da luz
no belo horizonte
de mãos dadas
ludibriar o amanhã
com canções diferentes
lubrificar os olhos
cachoeira, nos perfumes de novo
algo me diz que é saudade
na superfície da viagem
a paisagem invade os lados
na perspectiva do absurdo
um senhor toca clarineta
e a mulher descobre os sete véus
numa cidade grande
não é miragem
você está flutuando
e a cada aceno
para os fabricantes do sonho
o trigo se despreende da nuvem
irrigando a infância
da Humanidade
algo me diz que estamos no começo
no começo antes do começo
antes do antes
estamos perto do abismo
para recomeçar
uma vida nova
estamos longe de Júpiter
e perto do Rio de Janeiro
sem sinalização
a nuvem figura plana nas ilhas
desconcerta o que era vertigem
estamos em casa
Muito bom o seu blog.
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