e se eu quiser ouvir somente o silêncio
o que será que vai nascer
do exato momento que eu percebo
que sempre fui eu
nunca você
as buzinas me lembram que a rua prossegue
menos a minha sombra continua
perseguindo o meu corpo
o Sol insinua um sono
eu nunca fui dono da minha sombra
muito menos
você
e se eu quiser fluir simplesmente
esquecendo o cadarço e o passo
andando e pisando em brasas
pisando nas asas dos sábios
estaria na verdade enterrando
a cerimônia dos dias
e teus pés pisando a terra
e se a longevidade dos gestos
desalinhar as órbitas dos olhares
tuas mãos cobrindo os meus olhos
aguçando o açúcar da escuridão
advinho o teu futuro e o meu presente
que você não deu ainda
ainda esmaga no dente
a mudança da estação
e se a Lua se rebelar contra a nuvem
assim como rebenta os cabelos no vento
o tempo de sorrir fica lento, vira
vira tudo, a lata, o coração, sedento
de tudo aquilo que tenho medo
e lamenta a Lua o leite do pranto
no espanto sujo da poesia
aquela sua camisa de algodão
aquele seu sapato preto
o teu pano em cima da mesa
a luz clara luz e faca das cores
faz cócegas nos amores
deixa o ar raro e feito tudo isso clara
preenche a tarde e arde na face na testa
a fresta clara da noite e sorte nossa
o tempo e o faro se cheiram no claro
do quarto teu do espaço em que se perdeu
a escuridão na briga com a clara rima da vida
que perdeu a barriga a espada e a dor
É divino, não tenho palavras, mas resolvi registrar aqui minha admiração!
ResponderExcluirSerá que eu poderia publicar um poema teu no meu blog? Tenho uma seção que se chama "Alheios", onde coloco poemas que tenho visto por aí e que têm me deixado de queixo caído! Seria uma honra! Se quiseres, me manda um e-mail para janabrum85@yahoo.com.br, ou dá uma passadinha lá no "Entre a loucura e a arte".
Um beijo no coração