sábado, 18 de outubro de 2008

Obra

carregando nas mãos as palavras, como pedras
vai lentamente encaixando uma na outra, uma coluna vertebral,
a argamassa é o próprio pensamento
e ferramentas da idade da pedra

conduzindo peões como gado, ovelhas, de fato, algum animal
usando-os como rodas de uma bicicleta oficial, no Planalto Central
num plano, ao longe o horizonte de montanhas, talvez a serra
a concretude dos sonhos e o concreto feito de nomes
tudo jogado perto daquela parede, naquela construção gigantesca

no sorriso as marcas do futuro, passados mil anos, mil milênios atrás
nas mãos o sorriso denuncia a idade da pedra, e o sonho de água
o que sobra do cachorro quente da obra, não sobra
ficam pequenos pedacinhos de promessas

silêncios feitos de martelo, aço, ferro

arbo arbo arbo só se lê nos muros, nos sorum
a visão tem poeira e alegria de viver,
de ganhar um rádio portátil.

um rádio-despertador.

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