Ah! Já me disseram que sou louco,
já me jogaram pelos cantos, cantos,
não conseguiram firmar o nobre pacto, não conseguiram filmar o momento exato
que o barco cruzou o sacro/simulacro da cidade dos índios
Ah! Já me disseram que sou anarquista
por sonhar otimista a vitória da vida
por abrir os caminhos na floresta narcisa
eu que invadi os campos da História, pelos rios da memória
eu que me vesti de folclore, que preferi o acorde dissonante da morte
eu que cantei as glórias das notas fora, a cidade, as palmeiras, as corredeiras
Ah! Já me disseram que sou Glauber, que esqueci de olhar para a frente
eu que já não reconheço nenhum parente, pelas janelas da minha alma
passeando docemente, a morte escondida nos dentes, de Milton Nascimento nasce o sorridente e lento lamento indecente lindamente escondido nos dentes, nos dentes, nos dentes
Ah! Já me disseram que sou louco, já me puniram pelas formas, pelas normas, já me sonharam, já me roubaram tesouros, já me criaram como outro, já me sonharam envolto em lágrimas
peixes do rio Amazonas que não é o rio que passa na minha aldeia
no meu Rio de Janeiro, no meu rio de Gabeira, já me abriram a esteira da paisagem
e o que vejo é a passagem
para a VIDA.
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