sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Modos de pensar/fazer o teatro

Hoje na aula de Direção de Arte falamos novamente sobre as mudanças do modo de pensar e fazer o teatro.


No final da Idade Média, a Comédia Dell'arte foi se transformando no teatro Renascentista.

Baseada no improviso, na caracterização exagerada, caricata, com uso de máscaras, impostação da voz, técnicas de circo, arquétipos presentes na metanarrativa (arlequim, o amoroso, o soldado, o criado astuto, o fanfarrão).

Com a "apropriação" e o "seqüestro" das companhias para dentro dos palácios, juntamente com o surgimento da figura do diretor, o teatro do Renascimento traz a idéia de sujeito universal como ponto de fuga, racionalidade, encenação em função do texto (textocêntrica), realismo. A nobreza e a alta burguesia querendo ver seus dramas num espelho, numa caixa fechada em seu palácio.


E essa subordinação ao texto é o que o teatro moderno buscará romper para dar lugar às especificidades fisicas, concretas da encenação teatral.

Antonin Artaud, estupefato ao assistir o teatro de Bali, propõe um retorno ao teatro primitivo, ou seja, um olhar para o teatro das colônias africanas e orientais.

Estamos numa época de "contaminação" da Europa por outras culturas, um descentramento, que vai caracterizaro modernismo nas Artes. Início do Século XX.

Artaud vai enxergar no teatro de Bali o aspecto de imagem como alucinação e medo. A dimensão sobrenatural, ritual do teatro. Apesar de não entender muito bem a narrativa, esse teatro se traduz em um texto de corpo/som e imagem, a especificidade da mise-en-scene: JOGO DE ELEMENTOS FISICAMENTE REPRESENTADOS.

Esses gestos, voz, movimentos, físicos, também tem sua dimensão metafísica de sugestão.

UMA LINGUAGEM TEATRAL FÍSICA NA BASE DOS SINAIS, NÃO DE PALAVRAS.

Pensa o figurino como algo que não é só para caracterizar o personagem, mas desenhar no movimento dele um texto que comenta, tenciona. Não é uma mera interpretação do texto escrito.

Artaud busca ir além das convenções naturalistas, busca novos códigos, para a imaginação. Uma métrica que obedece uma visão para além do texto, uma percepção dele na sua perspectiva imaginativa. O diretor como outro personagem dando essa visão. Efeitos mecanicamente calculados.

Um todo orgânico num corpo imagético capaz de repercutir no espectador para um arrebatamento dos sentidos.

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