Depois peguei o "Casa Vazia". Que filme interessante! Já estava estudando cinema e pude prestar atenção em todo o jogo da mise-en-scene, o silêncio dos personagens, a função da câmera, toda a poesia daquilo tudo. Um filme que me entusiasma. Nesse ele acertou a mão. O roteiro também era inusitado, diferente do mesmismo ocidental. Uma outra vivência das coisas.
Nesse virei fã do coreano. Que aula de cinema!
Depois peguei o "Time".
6 reais. 6 reais mal-aplicados. QUE MERDA DE FILME. Não acreditei naquilo. Meu amigo Ki-Duk, o que foi isso? Te vendeste, amigo Ki-Duk? O que aconteceu? Onde foi parar a força da tua linguagem? Banalisaste a tua própria linguagem? Como tu fazes um filme que desde o primeiro plano sabemos exatamente o final? Como fazes um filme cheio de firulas e imagens pseudo-artísticas sem conteúdo ou de conteúdo forçado? Fiquei chateado. Aquele cara, o cara que fez o "Casa Vazia", me enganou. Restava esperar o próximo, para saber que rumos inesperados a mente do amigo coreano estava tomando.
Acabei de assistir "Fôlego".
Reflito.
Certamente, o brilho de seu cinema vem se apagando. Já não te entendo mais, Ki-Duk. Já não entendo porque ficaste óbvio. E não entendo o óbvio. Quero o simbólico, o verdadeiro simbólico, que é aquele que eu não percebo. Tu estragaste teu cinema, sujando-o com a tinta velha da obviedade. Jogaste em nossas caras o que era pra se esconder. Exageraste, amigo Ki-Duk. Teus personagens já não me atraem, são chatos. Cansei das tuas pinturas no quadro. Quero o fora de quadro. Cansei do teu melodramatismo exagerado. Eu sei que é "sua intenção". Mas cansei. Espero ansioso o dia em que te entenderei de novo. O dia em que brindará o cinema com uma continuação do processo de redescoberta da linguagem que fizeste em "Casa Vazia". Espero conteúdo dialogando com a forma, e não forma que deseja ser conteúdo. Espero que voltes, amigo Ki-Duk. Cadê você?
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