hoje vi na tv
que os cientistas
os físicos teóricos
e outros lá
não sabem o que acontece
dentro de um buraco negro
parece, dizem
que o tempo e o espaço
somem
ah, mas isso eu já vi
o manoel de barros
e outros
fazem isso dentro da gente
quando a gente lê uns trecos deles
fernando pessoa geralmente manda um desses
ou, melhor,
quando os poemas lêem a gente
afinal
se não fosse os poemas
a gente seria o que?
os cientistas
e os físicos teóricos
sabem que a gente é um homo sapiens sapiens.
eu eu lá quero saber de saber?
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
kombi do carlos
passeando na kombi do carlos
a gente era astro de rock`n roll
ouvindo genesis, sabbath e zepelin
no som alto que não tinha fim
cortando as ruas do rio no sol
passeando na kombi do carlos
a gente era astro de rock`n roll
ouvindo genesis, sabbath e zepelin
no som alto que não tinha fim
cortando as ruas do rio no sol
passeando na kombi do carlos
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
dúvida
ela sai do banho
está calor
a nova roupa
já veste suor
foi ela que tomou banho
ou as águas da ducha que se banharam nela?
sempre fico na dúvida
está calor
a nova roupa
já veste suor
foi ela que tomou banho
ou as águas da ducha que se banharam nela?
sempre fico na dúvida
uma cidade de poesia
viajar significa ver
a paisagem desaparecer
num cinema real
que se imagina
por uma janela
fechada na lembrança
de ventos perdidos
viajar significa ver
por cima das nuvens
um chão que é nuvem
e um céu que é mar
e o amor
que é
viajar significa ver
de olhos fechados
o tempo escorrer pela janela
enquanto o espaço entre nós
passa
viajar significa ver
o silêncio das cores de uma noite
em direção a Santiago
penso em escrever um romance
onde possa explorar
as implicações poéticas
da vida concreta e cotidiana
de se escrever
estar em constante viagem
significa estar em movimento
parado
movimentar parado é exercício
de poeta
ele precisa estar em movimento
e estar parado em movimento
desenvolver uma audácia para
as origens
chorar páginas dos olhos
estou sentado na grama
da praça em frente ao La Moneda
e uma bandeira do Chile
é que faz sombra
o sol é bem forte
mas gostoso
o vento é delicioso
o vento faz carinho na nossa pele
os cachorros de rua de Santiago
são dóceis e bonitos
me lembraram na preguiça
os cães de Salvador
tenho pensado na relação
entre as cidades
entre os países da América Latina
estou só de camisa e calça jeans
no sol, você fica com calor
na sombra, o vento é bem gelado
microclimas
é definitivamente uma cidade
de poesia
a paisagem desaparecer
num cinema real
que se imagina
por uma janela
fechada na lembrança
de ventos perdidos
viajar significa ver
por cima das nuvens
um chão que é nuvem
e um céu que é mar
e o amor
que é
viajar significa ver
de olhos fechados
o tempo escorrer pela janela
enquanto o espaço entre nós
passa
viajar significa ver
o silêncio das cores de uma noite
em direção a Santiago
penso em escrever um romance
onde possa explorar
as implicações poéticas
da vida concreta e cotidiana
de se escrever
estar em constante viagem
significa estar em movimento
parado
movimentar parado é exercício
de poeta
ele precisa estar em movimento
e estar parado em movimento
desenvolver uma audácia para
as origens
chorar páginas dos olhos
estou sentado na grama
da praça em frente ao La Moneda
e uma bandeira do Chile
é que faz sombra
o sol é bem forte
mas gostoso
o vento é delicioso
o vento faz carinho na nossa pele
os cachorros de rua de Santiago
são dóceis e bonitos
me lembraram na preguiça
os cães de Salvador
tenho pensado na relação
entre as cidades
entre os países da América Latina
estou só de camisa e calça jeans
no sol, você fica com calor
na sombra, o vento é bem gelado
microclimas
é definitivamente uma cidade
de poesia
terça-feira, 27 de novembro de 2012
sonhos recentes
hoje sonhei com piscinas
estava numa espécie de clube
havia uma exposição de arte no local
com videos e instalações
outro dia sonhei que estava numa celebração religiosa
muçulmana
depois judaica
em um templo, na verdade, embaixo dele
numa estrutura de pedras e sacos de areia
num outro sonho eu via um pai e um filho
numa espécie de treino de sobrevivência
em situações extremas
eu brincava com duas armas na minha mão
uma não tinha tambor
noutro sonho
a carol tinha comprado uma moto
e eu andava rápido pela cidade
em outro havia uma novela estranha
onde o protagonista cortava a orelha da mulher
estava numa espécie de clube
havia uma exposição de arte no local
com videos e instalações
outro dia sonhei que estava numa celebração religiosa
muçulmana
depois judaica
em um templo, na verdade, embaixo dele
numa estrutura de pedras e sacos de areia
num outro sonho eu via um pai e um filho
numa espécie de treino de sobrevivência
em situações extremas
eu brincava com duas armas na minha mão
uma não tinha tambor
noutro sonho
a carol tinha comprado uma moto
e eu andava rápido pela cidade
em outro havia uma novela estranha
onde o protagonista cortava a orelha da mulher
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
dos momentos em que a amo
quando sorri envergonhada por saber-se bela
quando chora alegre por consolar-se em mim
quando abre o sorriso quando abro a porta
quando fecha os braços e pernas em torno de mim
quando descobre uma música perdida na janela
quando perde a vergonha de saber-se bela
quando dança em qualquer lugar que haja música
quando pára diante de mim e diante da janela
quando escreve poemas como quem penteia o cabelo em frente ao espelho
quando se deixa escrever por meus poemas, beijos e sonhos pagãos
quando desenha com gestos o que sente por dentro, inventando-se
quando se deixa criar-se no gesso que moldamos à quatro mãos
quando cozinha um peixe com molho caseiro
quando aprova meu macarrão com molho curry
quando sozinha se toca ligeiro
quando comigo se mistura
quando vê desenho animado na cama
quando de olhos fechados se anima
quando emburrada se inflama
quando tranquila e em mim se menina
quando dorme
quando acorda
quando morde
quando joga
dos momentos que a amo
prefiro todos
prefiro nenhum
e os momentos que a amo
são todos os mesmos
essa sexta-feira
que ainda não acabou
que ainda nem começou
o momento mais bonito
- infinito
dos momentos que a amo
só me lembro de um
quando chora alegre por consolar-se em mim
quando abre o sorriso quando abro a porta
quando fecha os braços e pernas em torno de mim
quando descobre uma música perdida na janela
quando perde a vergonha de saber-se bela
quando dança em qualquer lugar que haja música
quando pára diante de mim e diante da janela
quando escreve poemas como quem penteia o cabelo em frente ao espelho
quando se deixa escrever por meus poemas, beijos e sonhos pagãos
quando desenha com gestos o que sente por dentro, inventando-se
quando se deixa criar-se no gesso que moldamos à quatro mãos
quando cozinha um peixe com molho caseiro
quando aprova meu macarrão com molho curry
quando sozinha se toca ligeiro
quando comigo se mistura
quando vê desenho animado na cama
quando de olhos fechados se anima
quando emburrada se inflama
quando tranquila e em mim se menina
quando dorme
quando acorda
quando morde
quando joga
dos momentos que a amo
prefiro todos
prefiro nenhum
e os momentos que a amo
são todos os mesmos
essa sexta-feira
que ainda não acabou
que ainda nem começou
o momento mais bonito
- infinito
dos momentos que a amo
só me lembro de um
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
a frase
"o ar está cheio de murmúrios silenciosos"
essa é a primeira linha do primeiro livro do vinícius, chamado - O Caminho para a Distância.
eu curto pra caramba esse nome, o caminho para a distância.
se você mora no rio, de repente, se colocar a cabeça pra fora da janela e olhar lá fora, vai conseguir olhar essa frase do vinícius.
a frase até pousou na minha janela hoje.
essa é a primeira linha do primeiro livro do vinícius, chamado - O Caminho para a Distância.
eu curto pra caramba esse nome, o caminho para a distância.
se você mora no rio, de repente, se colocar a cabeça pra fora da janela e olhar lá fora, vai conseguir olhar essa frase do vinícius.
a frase até pousou na minha janela hoje.
minha identidade também está lá
perdi o medo de escrever poesia há muito tempo, mas parece que por agora, estou perdendo o medo de escrever prosa também. eu e minha namorada tivemos nossos roteiros selecionados para um laboratório de roteiros. de curta-metragem. cada um com um roteiro diferente. foi bem legal. engraçado que o roteiro de ambos falava sobre relacionamento de casal, cada um da sua maneira. tanto que fomos colocados no mesmo grupo de trabalho - apelidado carinhosamente de grupo do amor.
lendo o roteiro de cada um dá pra perceber coisas sobre nosso próprio relacionamento. e também ver, de alguma forma, como cada um vê ou já viu um dia. o meu se chama Bebel Berlin e o dela se chama Expresso. eu gosto dos dois nomes. gosto dos dois roteiros. cada um tem uma cara. o meu é mais anárquico e chega a ser imbecil. o dela é mais bonito, parece coisa de filme asiático contemporâneo.
escrever roteiro parece um pouco como escrever em prosa e escrever em poesia. só que é diferente. tem muita tradução num roteiro. você fica traduzindo a língua das imagens da mente e dos olhos e dos ouvidos. cada imagem dessa tem uma língua diferente, então é uma tradução simultânea danada, que às vezes comete erros. o melhor dessa tradução são os erros. como na poesia, quando a criança erra na gramática, acerta na poesia. na poesia parece que não há tradução, no caso, quem traduz é a própria poesia. ela te lambe, lambe a tua língua, e deixa a baba nas palavras que sobraram. a prosa é mais como um ditado, você vai vendo de ouvir.
tenho ouvido daft punk e entendido melhor o porque de estar ouvindo daft punk. tem tudo a ver com tudo. inicialmente o que mais me atraiu foi o clip do gondry para a música around the world. percebi que gosto desse diretor. justamente porque ele trabalha num lugar que também gosto, ele fica fazendo muitas coisas do início do cinema, coisa de méliès e lumière. e daft punk é como se fosse manoel de barros em forma de música tocado não por gente, mas por objetos de um ferro velho. repetir, repetir, até ficar diferente.
quando vi viagem à lua do méliès percebi o caminho que o cinema que quero fazer e ver mais deve explorar. viagem para lugares nunca antes vistos. por isso que a galera gosta de apichatpong weerasethakul, cineasta tailandês. ele mostra coisas que a gente nunca viu. nem ele viu. ele mostra coisas que até a gente não está vendo.
e continua de pé, agora mais forte e já iniciado, o tal roteiro de longa-metragem que estou escrevendo. por alto, eu sei que ele fala da paesificação do rio e das coisas. dessa transformação rápida de tudo em barra da tijuca, em babaquice. mas, por mais louco que seja, quero que seja um filme pra cima. vai ser uma comédia. sobre a paesificação do rio. eduardo paes. não vai ser sobre isso, mas esse sentimento vai ficar no filme. de repente eu posso apontar alguns caminhos pra despaesificação, como a poesia e etc. o mais interessante no filme é esse etc. eu nem sei o que tem. mas sinto que vai ter coisa bacana.
todo escrito é uma estória de amor. e eu só escrevi essas merdas todas porque tô com saudade da carol.
o rio tem amanhecido meio frio. tem feito um climinha bem de feriado daqueles tranquilos. feriados pra ficar em casa. eu até gosto. dá vontade de ficar na cama lendo alguma coisa. ou baixar um filme. tava vendo ontem o hana-bi, fogos de artifício, do takeshi kitano. me pareceu um filme bem interessante. achei maneiro o jeito que ele fez esse filme. um dia, quando eu for mais velho, gostaria de ter essa cara de mafioso da yakuza. vai ser difícil, afinal, ele ganhou aquela cicatriz e aquele tique nervoso de paralisia por causa de um acidente de moto em 94. mas ter uma cara de mafioso seria bom. dá pra intimidar as pessoas. isso numa cidade grande é importante. principalmente flanelinhas.
parei agora para ficar olhando o quarto e procurando um título para esse texto. acho que já está bom de escrever. chega. olhei os livros na estante. o ventilador meio velho. meu armário que tem as portas quebradas. a janela que ainda está semi-aberta. posso até ver o verde e o cinza lá fora. e escutar os pássaros. ao meu lado tem um livro do drummond com a cara dele na capa. do outro tem kafka naquela edição da martin claret feia pra cacete. a calça que eu usei ontem está pendurada com cinto e tudo. ainda tem moedinhas no bolso. tenho que pegar. minha identidade também está lá.
lendo o roteiro de cada um dá pra perceber coisas sobre nosso próprio relacionamento. e também ver, de alguma forma, como cada um vê ou já viu um dia. o meu se chama Bebel Berlin e o dela se chama Expresso. eu gosto dos dois nomes. gosto dos dois roteiros. cada um tem uma cara. o meu é mais anárquico e chega a ser imbecil. o dela é mais bonito, parece coisa de filme asiático contemporâneo.
escrever roteiro parece um pouco como escrever em prosa e escrever em poesia. só que é diferente. tem muita tradução num roteiro. você fica traduzindo a língua das imagens da mente e dos olhos e dos ouvidos. cada imagem dessa tem uma língua diferente, então é uma tradução simultânea danada, que às vezes comete erros. o melhor dessa tradução são os erros. como na poesia, quando a criança erra na gramática, acerta na poesia. na poesia parece que não há tradução, no caso, quem traduz é a própria poesia. ela te lambe, lambe a tua língua, e deixa a baba nas palavras que sobraram. a prosa é mais como um ditado, você vai vendo de ouvir.
tenho ouvido daft punk e entendido melhor o porque de estar ouvindo daft punk. tem tudo a ver com tudo. inicialmente o que mais me atraiu foi o clip do gondry para a música around the world. percebi que gosto desse diretor. justamente porque ele trabalha num lugar que também gosto, ele fica fazendo muitas coisas do início do cinema, coisa de méliès e lumière. e daft punk é como se fosse manoel de barros em forma de música tocado não por gente, mas por objetos de um ferro velho. repetir, repetir, até ficar diferente.
quando vi viagem à lua do méliès percebi o caminho que o cinema que quero fazer e ver mais deve explorar. viagem para lugares nunca antes vistos. por isso que a galera gosta de apichatpong weerasethakul, cineasta tailandês. ele mostra coisas que a gente nunca viu. nem ele viu. ele mostra coisas que até a gente não está vendo.
e continua de pé, agora mais forte e já iniciado, o tal roteiro de longa-metragem que estou escrevendo. por alto, eu sei que ele fala da paesificação do rio e das coisas. dessa transformação rápida de tudo em barra da tijuca, em babaquice. mas, por mais louco que seja, quero que seja um filme pra cima. vai ser uma comédia. sobre a paesificação do rio. eduardo paes. não vai ser sobre isso, mas esse sentimento vai ficar no filme. de repente eu posso apontar alguns caminhos pra despaesificação, como a poesia e etc. o mais interessante no filme é esse etc. eu nem sei o que tem. mas sinto que vai ter coisa bacana.
todo escrito é uma estória de amor. e eu só escrevi essas merdas todas porque tô com saudade da carol.
o rio tem amanhecido meio frio. tem feito um climinha bem de feriado daqueles tranquilos. feriados pra ficar em casa. eu até gosto. dá vontade de ficar na cama lendo alguma coisa. ou baixar um filme. tava vendo ontem o hana-bi, fogos de artifício, do takeshi kitano. me pareceu um filme bem interessante. achei maneiro o jeito que ele fez esse filme. um dia, quando eu for mais velho, gostaria de ter essa cara de mafioso da yakuza. vai ser difícil, afinal, ele ganhou aquela cicatriz e aquele tique nervoso de paralisia por causa de um acidente de moto em 94. mas ter uma cara de mafioso seria bom. dá pra intimidar as pessoas. isso numa cidade grande é importante. principalmente flanelinhas.
parei agora para ficar olhando o quarto e procurando um título para esse texto. acho que já está bom de escrever. chega. olhei os livros na estante. o ventilador meio velho. meu armário que tem as portas quebradas. a janela que ainda está semi-aberta. posso até ver o verde e o cinza lá fora. e escutar os pássaros. ao meu lado tem um livro do drummond com a cara dele na capa. do outro tem kafka naquela edição da martin claret feia pra cacete. a calça que eu usei ontem está pendurada com cinto e tudo. ainda tem moedinhas no bolso. tenho que pegar. minha identidade também está lá.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
daft punk e méliès e manoel
remix
remix
remix
uma trucagem de camera
uma trucagem de camera
uma trucagem de camera
umas latas no chão
umas latas no chão
umas latas no chão
até quando a repetiç
transfone
até te te te te te te te até
quando quando quando quando
ando ando ad admp adp admp admpad mpad mpad mpad padmpad pm
deu erro no computador
enquanto eu gdigitaava afora deu tambem mas eu vou continuar a escrever ate que ele volte e asasim nao vou conrrigir quando ele voltar
remix
remix
uma trucagem de camera
uma trucagem de camera
uma trucagem de camera
umas latas no chão
umas latas no chão
umas latas no chão
até quando a repetiç
transfone
até te te te te te te te até
quando quando quando quando
ando ando ad admp adp admp admpad mpad mpad mpad padmpad pm
deu erro no computador
enquanto eu gdigitaava afora deu tambem mas eu vou continuar a escrever ate que ele volte e asasim nao vou conrrigir quando ele voltar
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
tudo trocado
vai-se até o arpoador de bicicleta
para não gastar dinheiro com ônibus
até porque não tenho troco
mas tudo trocado
sobe nas pedras
e olha o mar
de novo
lembro de nós dois nus
com o mar batendo na pedra
e fazendo espumas
lá no horizonte
dá pra ver monet
de perto
toda pedra é um ser
mais importante do que eu
seria melhor que as bicicletas
carregassem homens
e descansassem nas pedras
e que o mar olhasse a gente
e lembrasse de uma transa
dele com o tempo.
tudo trocado.
para não gastar dinheiro com ônibus
até porque não tenho troco
mas tudo trocado
sobe nas pedras
e olha o mar
de novo
lembro de nós dois nus
com o mar batendo na pedra
e fazendo espumas
lá no horizonte
dá pra ver monet
de perto
toda pedra é um ser
mais importante do que eu
seria melhor que as bicicletas
carregassem homens
e descansassem nas pedras
e que o mar olhasse a gente
e lembrasse de uma transa
dele com o tempo.
tudo trocado.
ontem não dormi por causa dos mosquitos
ontem eu não dormi por causa dos mosquitos e do calor
e também porque estava com muitas coisas na cabeça
fui ler walter benjamin para ver se dormia
fiquei com mais coisas na cabeça ainda
e mais calor
mas os mosquitos parece que ficaram lá quietos
lendo walter benjamin comigo na tela do laptop
nessa era de reprodutibilidade técnica
os mosquitos se repoduzem
e o sono perde a aura
e também porque estava com muitas coisas na cabeça
fui ler walter benjamin para ver se dormia
fiquei com mais coisas na cabeça ainda
e mais calor
mas os mosquitos parece que ficaram lá quietos
lendo walter benjamin comigo na tela do laptop
nessa era de reprodutibilidade técnica
os mosquitos se repoduzem
e o sono perde a aura
minha namorada é uma visionária
minha namorada é uma visionária
ela vê coisas
outro dia ela disse que viu deus
num vira-lata de rua
no outro
ela disse que viu a presença de deus
numas bolhas de sabão na praia de icaraí
hoje ela disse
- estou com saudade de você e de mim.
ela vê coisas
outro dia ela disse que viu deus
num vira-lata de rua
no outro
ela disse que viu a presença de deus
numas bolhas de sabão na praia de icaraí
hoje ela disse
- estou com saudade de você e de mim.
As Leis da Poesia - segundo Charles Chaplin
- para você, que quer escrever um poema, mas não sabe por onde começar:
1 - pare.
2 - feche os olhos.
3 - quando digo olhos estou me referindo a você imaginando você de olhos fechados.
4 - troque o formato do seu rosto.
5 - pinte tudo de preto e branco
6 - dê uma flor para uma moça
7 - fuja do guarda
8 - caia no chão
9 - abra os olhos
10 - pare
1 - pare.
2 - feche os olhos.
3 - quando digo olhos estou me referindo a você imaginando você de olhos fechados.
4 - troque o formato do seu rosto.
5 - pinte tudo de preto e branco
6 - dê uma flor para uma moça
7 - fuja do guarda
8 - caia no chão
9 - abra os olhos
10 - pare
vejo um filme
apagam as luzes
eu vejo um filme
chamado poesia
faltou poesia
no filme
eu to cansado de filme
que termina com suicídio
eu quero ver
e fazer filmes
que terminam com nascimentos
eu quero ver
e fazer filmes
que terminam com nascimentos
pretinha
tem uma gatinha num prédio aqui perto chamada pretinha que toda vez que eu faço um som com a boca ela vem se rebolando toda com a pançona gorda dela ela é bonitinha tem que ver e fica ronronando quando eu faço carinho ela já se joga no chão e fica como se tivesse coçando as pedras portuguesas da calçada
disseram que ela já morou na rua
eu lembro de ser criança e ela estar lá
ela é bem velhinha
decidi andar até a minha casa
decidi andar até minha casa.
cortei a cidade ao meio.
tudo isso pra provar pra mim mesmo
que a cidade é apenas um rio.
cortei a cidade ao meio.
tudo isso pra provar pra mim mesmo
que a cidade é apenas um rio.
rascunho que achei hoje
consegui identificar nos teus olhos
um traço do meu futuro
(sabe aquelas partes brilhantes dos olhos?)
só a poesia salva
troque sua pistola por um disco do cartola
troque sua granada por um soneto pra amada
troque sua propina por uma dança da pina
troque seu caverão por um livro do drummão
troque sua granada por um soneto pra amada
troque sua propina por uma dança da pina
troque seu caverão por um livro do drummão
sábado, 20 de outubro de 2012
tempestade
chove lá fora ou é meu estômago
a cidade tem fome ou sou eu tempestade
o mundo agora é diário secreto
pra todo mundo ver-se na água
meus versos vão em dupla
em vão, nus, sem culpa banhados no tempo
chove lá fora ou é aqui dentro
a tempestade secreta das coisas que invento
o mundo, diverso, universo, encerro em casa
pra todo mundo ver que em tudo há um grande gigante que
nada
a cidade tem fome ou sou eu tempestade
o mundo agora é diário secreto
pra todo mundo ver-se na água
meus versos vão em dupla
em vão, nus, sem culpa banhados no tempo
chove lá fora ou é aqui dentro
a tempestade secreta das coisas que invento
o mundo, diverso, universo, encerro em casa
pra todo mundo ver que em tudo há um grande gigante que
nada
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
sentinelas da noite escondidos em nuvens
sentinelas da noite escondidos em nuvens
um silêncio afogando os prédios
cães em outro bairro debatem o tempo
mães em silêncio sonham no passado
gatos brigam na beirada de muros
algum grilo desaparece de si mesmo
no japão já é outro dia
coração ainda bate acelerado
era pra cidade dormir agora
mas os prédios insistem em sonhar
uma moça tira o sutiã
coloca o pijama
e desliga o computador
parece algum alarme de carro
lá no final da rua
ou será minha respiração?
nessa noite tão escura
escondem no asfalto preto dessa rua
um suave leito da visão
pareceu um navio atrás do morro
e nem estou dormindo
sonho acordado submerso em vida
ou a vida sonha com o verso findo?
escuto meu coração batendo fora de mim
nas paredes e no teto
bate também por entre os prédios
é com o coração que arquiteto
sonhos sólidos
metro a metro
até chegar
longe do perto
metro a metro
até chegar
longe do perto
domingo, 23 de setembro de 2012
testando quantos leitores tenho e pedindo sugestões para poemas
Olá, você costuma ler este blog? No começo, a gente escreve mais pra gente mesmo. Depois de um tempo (quanto tempo tem esse blog, uns 4 anos?) acho que chega a hora de dialogar mais. Então estou fazendo esse teste aqui. Você costuma ler essas poesias daqui? Se sim, me dá uma resposta ai no comentário. Aproveita e me sugere algo para escrever, como: temas, coisas, idéias, algo.
Abraço carinhoso.
Abraço carinhoso.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
o livro dos cabelos
teus cabelos me curam da idéia de que sou diferente do universo
posso decompor o movimento de um beija-flor através do perfume negro dos seus cabelos
se uma gota de chuva escorrega pelo ar rarefeito e encontra abrigo nos teus cabelos
as moléculas se reorganizam em formações geométricas distintas
pequenos diamantes de vento por entre suas tranças criando prismas de luz negra
teus cabelos são rios caudalosos de terras imaginárias onde a civilização ainda não chegou
não há bússolas, mapas, cartas marítimas, nem sinais de estrelas, não há caminho
seguindo o fluxo dos fios é possível atingir perfeitamente a perdição
e mesmo que sábios do oriente, mesmo que matemáticos árabes, intentem descobrir as saídas
teus cabelos são rios infinitos em espirais de labirintos
de onde não se sai, não se entra, não se caminha, nem se pára
dez mil seres da terra podem tentar pentear os teus cabelos usando as dez mil maneiras
assim como os reis e príncipes podem oferecer toda a riqueza de seus palácios
ainda assim não haverá vento bravo que possa invadir a forma natural de seus cabelos
como não se invade o palácio de mil muralhas e dez mil soldados
para contemplar a ondulação de teus cabelos a Terra inclina levemente seu eixo
o jasmim modifica levemente sua cor, o Sol levemente se esconde atrás de uma nuvem
aquele que quiser conhecer os não-caminhos de seus cabelos
deve percorrer a leitura atenta do livro dos cabelos, escrito no tempo onde não havia tempo
escrito com a tinta negra da noite no papel amarelo do dia
escrito com a pena mais fina da fênix mais antiga, do vermelho como sangue de mil rosas em mantra
no livro dos cabelos é possível recitar as sete mil formas de imaginar seus cabelos, agradecer
e visualizar o futuro
aquele que compreender a sua essência poderá caminhar acordado dentro de sonhos
bem como libertar-se da atmosfera ilusória da própria existência terrena e sonhar de olhos abertos
na primeira página do livro dos cabelos há um desenho colorido de uma das formas de seus cabelos
para enxerga-la é preciso fechar os olhos e sacrificar uma imagem em frente a um abismo de si mesmo
caminhar nu pela floresta negra de seus cabelos e se deixar cortar pelas pontas afiadas de seus cabelos
fazer um manto negro de seus cabelos e se deixar banhar pela cascata negra de mel e perfume de seus cabelos
em cada capítulo do livro se encontra uma ponta de um fio de seus cabelos
da primeira ponta até a raiz da segunda percorre-se a circunferência de uma libélula
da segunda ponta até a raiz da terceira percorre-se a circunferência de um ipê-roxo
a partir da terceira, cada ponta de cabelo se enlaça com a seguinte, gerando uma mandala infinita
observando essa mandala do ponto de vista zenital do Uno
é possível visualizar a formação suave de uma figura moldada na capa de um livro:
um rosto de mulher
e o título
o livro do rosto
posso decompor o movimento de um beija-flor através do perfume negro dos seus cabelos
se uma gota de chuva escorrega pelo ar rarefeito e encontra abrigo nos teus cabelos
as moléculas se reorganizam em formações geométricas distintas
pequenos diamantes de vento por entre suas tranças criando prismas de luz negra
teus cabelos são rios caudalosos de terras imaginárias onde a civilização ainda não chegou
não há bússolas, mapas, cartas marítimas, nem sinais de estrelas, não há caminho
seguindo o fluxo dos fios é possível atingir perfeitamente a perdição
e mesmo que sábios do oriente, mesmo que matemáticos árabes, intentem descobrir as saídas
teus cabelos são rios infinitos em espirais de labirintos
de onde não se sai, não se entra, não se caminha, nem se pára
dez mil seres da terra podem tentar pentear os teus cabelos usando as dez mil maneiras
assim como os reis e príncipes podem oferecer toda a riqueza de seus palácios
ainda assim não haverá vento bravo que possa invadir a forma natural de seus cabelos
como não se invade o palácio de mil muralhas e dez mil soldados
para contemplar a ondulação de teus cabelos a Terra inclina levemente seu eixo
o jasmim modifica levemente sua cor, o Sol levemente se esconde atrás de uma nuvem
aquele que quiser conhecer os não-caminhos de seus cabelos
deve percorrer a leitura atenta do livro dos cabelos, escrito no tempo onde não havia tempo
escrito com a tinta negra da noite no papel amarelo do dia
escrito com a pena mais fina da fênix mais antiga, do vermelho como sangue de mil rosas em mantra
no livro dos cabelos é possível recitar as sete mil formas de imaginar seus cabelos, agradecer
e visualizar o futuro
aquele que compreender a sua essência poderá caminhar acordado dentro de sonhos
bem como libertar-se da atmosfera ilusória da própria existência terrena e sonhar de olhos abertos
na primeira página do livro dos cabelos há um desenho colorido de uma das formas de seus cabelos
para enxerga-la é preciso fechar os olhos e sacrificar uma imagem em frente a um abismo de si mesmo
caminhar nu pela floresta negra de seus cabelos e se deixar cortar pelas pontas afiadas de seus cabelos
fazer um manto negro de seus cabelos e se deixar banhar pela cascata negra de mel e perfume de seus cabelos
em cada capítulo do livro se encontra uma ponta de um fio de seus cabelos
da primeira ponta até a raiz da segunda percorre-se a circunferência de uma libélula
da segunda ponta até a raiz da terceira percorre-se a circunferência de um ipê-roxo
a partir da terceira, cada ponta de cabelo se enlaça com a seguinte, gerando uma mandala infinita
observando essa mandala do ponto de vista zenital do Uno
é possível visualizar a formação suave de uma figura moldada na capa de um livro:
um rosto de mulher
e o título
o livro do rosto
sonho pina bausch
Tive um sonho em que visitava o grupo de teatro-dança de Pina Bausch, junto com alguns amigos e colegas da universidade. Participávamos de um espetáculo, improvisando com os dançarinos da companhia. Eu usava uma calça preta larga, daquelas de aluno de teatro. Comecei a suar bastante, enquanto acompanhava os movimentos. Depois comecei a entrar no jogo de improviso. A platéia estava lotada. Começaram a sair aos poucos, depois de um tempo. Terminou com um professor meu dizendo - isso não é teoria, estamos botando vocês para agir.
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
viajar é levar vento nas mãos
viajar é levar vento nas mãos
e deixar a brisa semear dúvidas
é esconder novas nuvens no casaco
e descobrir um som colorido pela chuva
viajar é pegar nas mãos do vento
não entendo o que falas
o seu círculo, seu vulcão de fogo e brasa
não entendo seu segredo fraco
não entendo sua lava
faço casa em qualquer poeira
em todo canto tem quatro cantos
eu sempre canto por onde passo
criando um outro tipo de espaço
e de espanto
daqui até lá
é saudade
de lá até aqui
é a viagem
entre um e outro meu destino pega carona
e deixar a brisa semear dúvidas
é esconder novas nuvens no casaco
e descobrir um som colorido pela chuva
viajar é pegar nas mãos do vento
não entendo o que falas
o seu círculo, seu vulcão de fogo e brasa
não entendo seu segredo fraco
não entendo sua lava
faço casa em qualquer poeira
em todo canto tem quatro cantos
eu sempre canto por onde passo
criando um outro tipo de espaço
e de espanto
daqui até lá
é saudade
de lá até aqui
é a viagem
entre um e outro meu destino pega carona
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Viagem à Lua
olhar a lua
apenas olhar a lua
pode ser como no filme
viagem à lua
ou
voyage dans la lune
em francês tudo fica mais chique
mas a lua
mesmo que sempre
vemos diferente
se mantem igual
se queda igual
la luna misma
a lua que esta no céu agora
não é a mesma que vi
quando eu era criança
mas
a lua que está no céu agora
é a mesma
desde de sempre
desde que a lua existiu
tenho vinte e quatro anos
e poucos sonhos
resumindo
é amar e ser amado
e fazer coisas que amo
andar de bicicleta
conhecer os lugares mais inóspitos do mundo
lugares que eu nunca imaginaria conhecer
outros, queria conhecer de novo
ou melhor
desconhecer
me perder
como se perder
na poesia
"és peligroso, pero fascinante"
cabelos ruivos
cabelos negros
cabelos cheios
luas cheias
quarto minguante
o que mais importa
quando se olha a lua?
ou
o que a lua vê
quando nos olha de volta?
estaria ela vendo
seres escuros
de um planeta azul?
estaria ela com vergonha
de mostrar suas rugas
marcas do tempo e de cometas
passados
como amores fugazes
que marcam a pele cinza
de um planeta esquecido
hoje apenas satélite
hoje apenas em órbita
ao redor de um planeta azul
para seres escuros
que sonham e poesiam
com a lua
e que cantam canções românticas
para seus amores
olhando a lua
ontem eu vi o filme do Méliès
e não sabia porque precisava vê-lo
mas sinto que nele está alguma chave
para desvendar meu passado
meu futuro
e meu presente
nao sei o que é
se é a imagem colorida à mão
mudando como mágica
ou se é o sentimento
de que só através da mágica
se pode atingir a realidade
se pode chegar ao verdadeiro
será por isso
que a carol gosta tanto de desenho animado?
todos temos uma lua
para qual podemos viajar
em algum tempo da vida
a lua é um lugar escondido
no canto do quarto
depois
pode ser uma bola de futebol
que seu pai não te deu no natal
mais depois
aquela carta
daquela menina
que se perdeu
antes de entregar
e que hoje
talvez vague
poeira cósmica
na calda de estrelas cadentes
no rastro de pedidos de amor
que nunca se cumpriram
amores-poeira
vagando no espaco
mais e mais depois
a lua vai se tornando própria
um lugar escondido dentro da gente
uma bola de futebol de uma infância inventada
uma menina feita de poesia que nasce, vive e morre nos braços
e frases de um poeta
um sonambulo
sonhador
lunático
são tantas imagens
que se pode lembrar
o garoto pescando sentado na lua minguante
o foguete atingindo a lua nos olhos
o anel de lua e estrela
a estrela do numero 5
a pior imagem que vi da lua
foi numa luneta
e percebi
que o que eu mais gosto de ver
é o que não vejo
a poesia parece ser
como olhar a lua na luneta
e ir girando a lente
até nao se enxergar mais nada de nítido
quanto menos nitidez na lua
mais definidas as palavras necessárias
para indefinir o que se vê
vejo a lua
ou vejo luzes da cidade
vejo a lua
ou vejo lugares escuros
vejo a lua
ou viajo à lua
não sei se vejo ou se sou visto
se a inventei
ou se fui inventado
se viajo pra fora
ou pra dentro
na distância tão próxima
que muda marés e reorganiza eixos magnéticos
a lua, muda, viúva
observa sem luneta
um azul, um planeta
um homem numa ilha
com um segredo
um amor, uma filha
um planeta inventado
que ele escreve
por influência da lua
que observa
antiga
a nova descoberta científica
um tanto quanto perigosa
mas fascinante
há vida além da lua
alem dos buracos do meu rosto
cicatrizes cinzas
de tantos outros que vieram
e passaram
enquanto isso
na terra
uma estrela do mar
olha o céu estrelado
em uma ilha distante
levada pelo mar
um siri tropeça no seu sonho
de conhecer as três marias
e prende suas garras
numa rolha da garrafa
que se abre
molhando uma carta
que algum adolescente
deixou de enviar
a carta era um relato
em forma de poema
uma confissão noturna
de um jovem náufrago
que um dia
uma noite
olhando a lua
delirou-a
apenas olhar a lua
pode ser como no filme
viagem à lua
ou
voyage dans la lune
em francês tudo fica mais chique
mas a lua
mesmo que sempre
vemos diferente
se mantem igual
se queda igual
la luna misma
a lua que esta no céu agora
não é a mesma que vi
quando eu era criança
mas
a lua que está no céu agora
é a mesma
desde de sempre
desde que a lua existiu
tenho vinte e quatro anos
e poucos sonhos
resumindo
é amar e ser amado
e fazer coisas que amo
andar de bicicleta
conhecer os lugares mais inóspitos do mundo
lugares que eu nunca imaginaria conhecer
outros, queria conhecer de novo
ou melhor
desconhecer
me perder
como se perder
na poesia
"és peligroso, pero fascinante"
cabelos ruivos
cabelos negros
cabelos cheios
luas cheias
quarto minguante
o que mais importa
quando se olha a lua?
ou
o que a lua vê
quando nos olha de volta?
estaria ela vendo
seres escuros
de um planeta azul?
estaria ela com vergonha
de mostrar suas rugas
marcas do tempo e de cometas
passados
como amores fugazes
que marcam a pele cinza
de um planeta esquecido
hoje apenas satélite
hoje apenas em órbita
ao redor de um planeta azul
para seres escuros
que sonham e poesiam
com a lua
e que cantam canções românticas
para seus amores
olhando a lua
ontem eu vi o filme do Méliès
e não sabia porque precisava vê-lo
mas sinto que nele está alguma chave
para desvendar meu passado
meu futuro
e meu presente
nao sei o que é
se é a imagem colorida à mão
mudando como mágica
ou se é o sentimento
de que só através da mágica
se pode atingir a realidade
se pode chegar ao verdadeiro
será por isso
que a carol gosta tanto de desenho animado?
todos temos uma lua
para qual podemos viajar
em algum tempo da vida
a lua é um lugar escondido
no canto do quarto
depois
pode ser uma bola de futebol
que seu pai não te deu no natal
mais depois
aquela carta
daquela menina
que se perdeu
antes de entregar
e que hoje
talvez vague
poeira cósmica
na calda de estrelas cadentes
no rastro de pedidos de amor
que nunca se cumpriram
amores-poeira
vagando no espaco
mais e mais depois
a lua vai se tornando própria
um lugar escondido dentro da gente
uma bola de futebol de uma infância inventada
uma menina feita de poesia que nasce, vive e morre nos braços
e frases de um poeta
um sonambulo
sonhador
lunático
são tantas imagens
que se pode lembrar
o garoto pescando sentado na lua minguante
o foguete atingindo a lua nos olhos
o anel de lua e estrela
a estrela do numero 5
a pior imagem que vi da lua
foi numa luneta
e percebi
que o que eu mais gosto de ver
é o que não vejo
a poesia parece ser
como olhar a lua na luneta
e ir girando a lente
até nao se enxergar mais nada de nítido
quanto menos nitidez na lua
mais definidas as palavras necessárias
para indefinir o que se vê
vejo a lua
ou vejo luzes da cidade
vejo a lua
ou vejo lugares escuros
vejo a lua
ou viajo à lua
não sei se vejo ou se sou visto
se a inventei
ou se fui inventado
se viajo pra fora
ou pra dentro
na distância tão próxima
que muda marés e reorganiza eixos magnéticos
a lua, muda, viúva
observa sem luneta
um azul, um planeta
um homem numa ilha
com um segredo
um amor, uma filha
um planeta inventado
que ele escreve
por influência da lua
que observa
antiga
a nova descoberta científica
um tanto quanto perigosa
mas fascinante
há vida além da lua
alem dos buracos do meu rosto
cicatrizes cinzas
de tantos outros que vieram
e passaram
enquanto isso
na terra
uma estrela do mar
olha o céu estrelado
em uma ilha distante
levada pelo mar
um siri tropeça no seu sonho
de conhecer as três marias
e prende suas garras
numa rolha da garrafa
que se abre
molhando uma carta
que algum adolescente
deixou de enviar
a carta era um relato
em forma de poema
uma confissão noturna
de um jovem náufrago
que um dia
uma noite
olhando a lua
delirou-a
sábado, 25 de agosto de 2012
ela desenha sem lápis
ela desenha sem lápis
e agora tá desenhando com lápis
o processo dela parece ser
bem legal
pra desenhar sem lápis
ela inventa uma caligrafia com as imagens do mundo
de dentro
de fora
e nem de fora nem de dentro
pra desenhar com lápis
ela dança a coreografia que o mundo conduz
de dentro
de fora
e nem de fora nem de dentro
o desenho ficou legal
e agora tá desenhando com lápis
o processo dela parece ser
bem legal
pra desenhar sem lápis
ela inventa uma caligrafia com as imagens do mundo
de dentro
de fora
e nem de fora nem de dentro
pra desenhar com lápis
ela dança a coreografia que o mundo conduz
de dentro
de fora
e nem de fora nem de dentro
o desenho ficou legal
sem você no apartamento
to que nem um cão
trancado no apê
procurando a dona
rasgando o sofá
roendo o pé da mesa
fazendo xixi de protesto
trancado no apê
procurando a dona
rasgando o sofá
roendo o pé da mesa
fazendo xixi de protesto
terça-feira, 21 de agosto de 2012
tal!
encontrei o amor em todas as coisas
encontrei um mosquito numa garrafa de cerveja
luzes poesiam o céu numa tempestade com ideogramas japoneses
não há como descrever o que se vê
o que se viu
escrever é descobrir
o que nunca se poderá ver
e ver é ser escrito
como raios no céu
poesiando o horizonte
com poemas japoneses
encontrei um mosquito numa garrafa de cerveja
luzes poesiam o céu numa tempestade com ideogramas japoneses
não há como descrever o que se vê
o que se viu
escrever é descobrir
o que nunca se poderá ver
e ver é ser escrito
como raios no céu
poesiando o horizonte
com poemas japoneses
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
sabor
atrás daquela grade do pátio tinha um mato
o matinho
quando a bola do futebol caía ali
parece que não tinha mais jeito
todo mundo tinha medo do que tinha lá
diziam que tinha cobra
e outras coisas que a gente não sabia
não saber aumentava o saber
na praia
as areias que ficavam duras
como pequenas pedras de areia
eram legais de se quebrar
e de repente
aparecia por dentro delas
um bicho
aquela barata de areia de praia
que eu chamava de fumiga
praia sempre foi um lugar que nunca vai ficar chato
sempre tem alguma coisa
quelque chose
nos bailes de carnaval
minha mãe pintava um coração
na minha bochecha
e eu usava uma faixa na testa
eu gostava de pintar a cara
no dia do índio
me lembro de pensar brevemente
que gostaria mesmo de ser índio
enquanto cantava a música da xuxa
segurando um arco e flecha feitos de jornal
com fita crepe
o mundo parecia imenso
era realmente imenso
mas eu fui crescendo
e veio a internet
e a mente
parece que os braços da gente
vão abraçando mais o mundo
e saber vai diminuindo o saber
por outro lado
é possível brincar de não-saber
ou inventar um outro saber
e dessa forma
inventar um não-saber vai aumentando
o sabor
o matinho
quando a bola do futebol caía ali
parece que não tinha mais jeito
todo mundo tinha medo do que tinha lá
diziam que tinha cobra
e outras coisas que a gente não sabia
não saber aumentava o saber
na praia
as areias que ficavam duras
como pequenas pedras de areia
eram legais de se quebrar
e de repente
aparecia por dentro delas
um bicho
aquela barata de areia de praia
que eu chamava de fumiga
praia sempre foi um lugar que nunca vai ficar chato
sempre tem alguma coisa
quelque chose
nos bailes de carnaval
minha mãe pintava um coração
na minha bochecha
e eu usava uma faixa na testa
eu gostava de pintar a cara
no dia do índio
me lembro de pensar brevemente
que gostaria mesmo de ser índio
enquanto cantava a música da xuxa
segurando um arco e flecha feitos de jornal
com fita crepe
o mundo parecia imenso
era realmente imenso
mas eu fui crescendo
e veio a internet
e a mente
parece que os braços da gente
vão abraçando mais o mundo
e saber vai diminuindo o saber
por outro lado
é possível brincar de não-saber
ou inventar um outro saber
e dessa forma
inventar um não-saber vai aumentando
o sabor
sábado, 18 de agosto de 2012
voa pensamento
vôa na madrugada um pensamento
passeando apressado
por entre acordes de piano
e cidadãos indo dormir
a cidade calma, serena, espera o sol
na solidão dos poucos carros
das luzes coloridas
dos papéis que se arrastam ao vento
um olho de gato brilha
um homem dorme envolto em papelão
meu coração se aproxima do mundo
como se fosse o próprio vento
um bafo de algo maior, mais profundo
mas é apenas o vento
o pensamento, voando
pousa de passagem
nas asas de algum sonho
que alguém deixou por sonhar
na beira da cama
parece um filme antigo
em preto e branco
mas não
é a própria história da humanidade
encarcerada na vontade de ser feliz
e de voar pensamentos
e num breve momento
o pensamento se olha em reflexo
e ri desse espelho maluco
a imagem se desdobra em relógios
pendurados no pescoço de santos
que se multiplicam na paisagem dormente
cercando a cidade num ataque aéreo
os ponteiros jogam pequenas bombas de tempo
e os segundos vão caindo
acordando os homens
e adormecendo as crianças
envelhecendo as mulheres
e as plantas que vivem em busca da luz
o pensamento não pára
e continua voando
seus olhos agora pesados
pestaneja, chega a dormir
e num sonho
parece que acorda ao som de acordes de piano
na madrugada uma sinfonia de luzes coloridas
e pequenos fragmentos do vento
de outros tempos, muito tempo atrás
vêm distorcendo a cidade, as ruas, os homens
os sonhos das crianças
andando no asfalto vazio
o pensamento vê uma asa cortada
metade de uma asa
metade de um sonho
sente um desconforto na coluna
e repara, é sua outra metade da asa
não é sangue que se esvai
é um rolo de filme mudo
envolto não pelo vento
mas por alguns acordes no piano
de algum sonho perdido
do século passado
o filme se desenrola em guerras em danças e músicas mudas
rolando ladeira abaixo na cidade
rolando ladeira abaixo no equador
dando a volta na Terra e se encontrando novamente com o pensamento
que se vê enrolado
mumificado em ser humano
condenado a ser livre
fica todo coberto
completamente submerso em ficção
até os olhos cobertos começarem a sonhar
as imagens
pequenos fragmentos de tempo
cortados como frases
que alguém balbuciou
em algum sonho
que alguém deixou por sonhar
na beira do mundo
na beira do dia
que já acorda a cidade
pronta para sonhar
com novas madrugadas
novos ventos
de tempos atrás
dorme o pensamento
mumificado em cotidiano
condenado a ser livre
pronto para sonhar
com novas madrugadas
novos ventos
tempos atrás
passeando apressado
por entre acordes de piano
e cidadãos indo dormir
a cidade calma, serena, espera o sol
na solidão dos poucos carros
das luzes coloridas
dos papéis que se arrastam ao vento
um olho de gato brilha
um homem dorme envolto em papelão
meu coração se aproxima do mundo
como se fosse o próprio vento
um bafo de algo maior, mais profundo
mas é apenas o vento
o pensamento, voando
pousa de passagem
nas asas de algum sonho
que alguém deixou por sonhar
na beira da cama
parece um filme antigo
em preto e branco
mas não
é a própria história da humanidade
encarcerada na vontade de ser feliz
e de voar pensamentos
e num breve momento
o pensamento se olha em reflexo
e ri desse espelho maluco
a imagem se desdobra em relógios
pendurados no pescoço de santos
que se multiplicam na paisagem dormente
cercando a cidade num ataque aéreo
os ponteiros jogam pequenas bombas de tempo
e os segundos vão caindo
acordando os homens
e adormecendo as crianças
envelhecendo as mulheres
e as plantas que vivem em busca da luz
o pensamento não pára
e continua voando
seus olhos agora pesados
pestaneja, chega a dormir
e num sonho
parece que acorda ao som de acordes de piano
na madrugada uma sinfonia de luzes coloridas
e pequenos fragmentos do vento
de outros tempos, muito tempo atrás
vêm distorcendo a cidade, as ruas, os homens
os sonhos das crianças
andando no asfalto vazio
o pensamento vê uma asa cortada
metade de uma asa
metade de um sonho
sente um desconforto na coluna
e repara, é sua outra metade da asa
não é sangue que se esvai
é um rolo de filme mudo
envolto não pelo vento
mas por alguns acordes no piano
de algum sonho perdido
do século passado
o filme se desenrola em guerras em danças e músicas mudas
rolando ladeira abaixo na cidade
rolando ladeira abaixo no equador
dando a volta na Terra e se encontrando novamente com o pensamento
que se vê enrolado
mumificado em ser humano
condenado a ser livre
fica todo coberto
completamente submerso em ficção
até os olhos cobertos começarem a sonhar
as imagens
pequenos fragmentos de tempo
cortados como frases
que alguém balbuciou
em algum sonho
que alguém deixou por sonhar
na beira do mundo
na beira do dia
que já acorda a cidade
pronta para sonhar
com novas madrugadas
novos ventos
de tempos atrás
dorme o pensamento
mumificado em cotidiano
condenado a ser livre
pronto para sonhar
com novas madrugadas
novos ventos
tempos atrás
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
boa noite, carol
de noite sinto falta dela
andando pelo apartamento
como quem desfila em passarela
ou tudo abrindo abismo em momento
o mundo em mise-en-abyme em tela
desenha sem lápis uma lua no céu
inventa na cintura violão chocolate ao leite
às vezes pára e me olha de mel
às vezes vai e pede que eu deite
- pode tocar que meu toque é teu.
joga os quadris num riso redondo
girando uma dança no ar flutua
yoga os mistérios da mente rondo
e fica um suave sentido perdido na rua
a coisa mais linda que eu já vi
que eu já li ou fui lido ou fui feito
parece que sou só um bem-te-vi
voando ao redor de um lírio perfeito
andando pelo apartamento
como quem desfila em passarela
ou tudo abrindo abismo em momento
o mundo em mise-en-abyme em tela
desenha sem lápis uma lua no céu
inventa na cintura violão chocolate ao leite
às vezes pára e me olha de mel
às vezes vai e pede que eu deite
- pode tocar que meu toque é teu.
joga os quadris num riso redondo
girando uma dança no ar flutua
yoga os mistérios da mente rondo
e fica um suave sentido perdido na rua
a coisa mais linda que eu já vi
que eu já li ou fui lido ou fui feito
parece que sou só um bem-te-vi
voando ao redor de um lírio perfeito
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
lá no sítio
de noite
lá no sítio
a gente fez uma fogueira
com uns pedaço de pau
pinhas, e madeira seca
tinha bambu também
tava tudo indo bem
até que a suzana
que tava cavucando
no fogo
com um caniço de bambu
disse:
- to aqui com essa varinha de pescar fogo.
ai danou-se
fiquei vidrado naquela varinha
não sei se tava pescando o fogo
ou se era eu mesmo
tem vezes boas que a gente sai da gente
e nem percebe
bom mesmo é escrever de depois
notas
prestar atenção nas coisas
conhecer o timing das viradas
virar e olhar o céu
rabiscar frases que vão durar para sempre
como um cirurgião sem fé
o destino nos presenteia
pessoas são pessoas em qualquer lugar
elas só não sabem que deus são
o meu verso é como uma música
você devia inventar uma maneira melhor
de experimentar o silêncio
conhecer o timing das viradas
virar e olhar o céu
rabiscar frases que vão durar para sempre
como um cirurgião sem fé
o destino nos presenteia
pessoas são pessoas em qualquer lugar
elas só não sabem que deus são
o meu verso é como uma música
você devia inventar uma maneira melhor
de experimentar o silêncio
lapso
eu achei o amor em todas as coisas
achei um mosquito numa garrafa de cerveja
os raios estão poesiando no céu em letras japonesas
quarta-feira, 4 de julho de 2012
carol
calor
feito um
caracol
colar
teu corpo
com o meu
coral
que inventa
um mar
carol
que entorta
eu
feito um
caracol
colar
teu corpo
com o meu
coral
que inventa
um mar
carol
que entorta
eu
segunda-feira, 2 de julho de 2012
estilo
escrevo com uma caneta de borracha. as letras vão apagando a realidade.
escrevo com a ponta do meu pênis. as letras ora gozam ora mijam os muros da cidade.
escrevo com uma corda bamba. as letras vão equilibrando sonhos nas mãos.
escrevo com um sorriso no rosto. as letras vão espalhando feijões na paisagem branca.
escrevo com você. as letras são nossos corpos numa dança invisível.
escrevo com o ar. as letras são nuvens ciganas.
escrevo com os pés. as letras são pegadas apagadas pelo mar.
domingo, 24 de junho de 2012
menina do sorriso na face
menina do sorriso na face
eu tava pesquisando
alguma música
alguma rima
ou quase
menina do sorriso na face
pra dar pinta
sua linda
no teu mural do face
numa espécie de mantra
canto em cima da mente
numa dança por dentro
menina
em ritmo de dance
queria dar pinta
no teu mural do face
menina do sorriso na face
vem me confessar bobagens
vem que eu vou contigo
deito a cabeça
no seu umbigo
o mundo todo
ao redor do umbigo
vem me contar vantagem
a gente não tem inimigo
deita a cabeça
no meu ombro
fica comigo
menina do sorriso na face
eu fico só olhando a sua cara
sem dizer nada
como se filmasse
um filme sem filme
fala sem texto
meu corpo no teu
sexo no sexo
tudo ao inverso
oposto do oposto
mizanabime
quero te ver
fica comigo
menina do sorriso na face
eu tava pesquisando
alguma música
alguma rima
ou quase
menina do sorriso na face
pra dar pinta
sua linda
no teu mural do face
numa espécie de mantra
canto em cima da mente
numa dança por dentro
menina
em ritmo de dance
queria dar pinta
no teu mural do face
menina do sorriso na face
vem me confessar bobagens
vem que eu vou contigo
deito a cabeça
no seu umbigo
o mundo todo
ao redor do umbigo
vem me contar vantagem
a gente não tem inimigo
deita a cabeça
no meu ombro
fica comigo
menina do sorriso na face
eu fico só olhando a sua cara
sem dizer nada
como se filmasse
um filme sem filme
fala sem texto
meu corpo no teu
sexo no sexo
tudo ao inverso
oposto do oposto
mizanabime
quero te ver
fica comigo
menina do sorriso na face
sábado, 9 de junho de 2012
disritimia sincronizada
essas tiazonas meio gordas
balançando no sertanejo
num contraste meio poético
com meu objeto de desejo
louis e seu espumante barato
barato espumante na brisa
da chuva pingando na minha
camisa rosa colorindo o tato
voando num xote no baile
salão ecoando conversas
o chão as paredes não existem
o teto amplo amplia as pernas
nunca tinha ido a pendotiba
e você nunca bebeu tanto
parece um filme adolescente
todo cliche tem um encanto
lençol branco escondendo
mesa de madeira mais banal
dj avanzin mandando no seal
e a gente todo se querendo
beijos roubados de brinks
aventura dentro doida mexe
algumas com tudo nos trinks
outras pra lá de marrakesh
quebrando copos de vidro
cabelo ao vento gente beba reunida
num subúrbio a oriente do oriente
eu deixo ela me conduzir na saída
a mão por dentro do vestido
a boca na taça de cristal
a vida que borbulha sem vidro
ou é ela que é meu temporal?
esse poema tá meio engraçado
tipo pedir risole pro garçom
tocou até claudio zoli
eu não lembro que música não
ah, era aquela do trocando
de bikini sem parar
mas isso nem importa
ah, sei lá
balançando no sertanejo
num contraste meio poético
com meu objeto de desejo
louis e seu espumante barato
barato espumante na brisa
da chuva pingando na minha
camisa rosa colorindo o tato
voando num xote no baile
salão ecoando conversas
o chão as paredes não existem
o teto amplo amplia as pernas
nunca tinha ido a pendotiba
e você nunca bebeu tanto
parece um filme adolescente
todo cliche tem um encanto
lençol branco escondendo
mesa de madeira mais banal
dj avanzin mandando no seal
e a gente todo se querendo
beijos roubados de brinks
aventura dentro doida mexe
algumas com tudo nos trinks
outras pra lá de marrakesh
quebrando copos de vidro
cabelo ao vento gente beba reunida
num subúrbio a oriente do oriente
eu deixo ela me conduzir na saída
a mão por dentro do vestido
a boca na taça de cristal
a vida que borbulha sem vidro
ou é ela que é meu temporal?
esse poema tá meio engraçado
tipo pedir risole pro garçom
tocou até claudio zoli
eu não lembro que música não
ah, era aquela do trocando
de bikini sem parar
mas isso nem importa
ah, sei lá
quinta-feira, 7 de junho de 2012
tela camera cama
podia parar de chover
podia você estar aqui
podia você estar aqui
- mesmo estando debaixo do meu cobertô
- na minha cama de criança
- podia você estar aquimesmo estando cobertono seu corpo de mulhertudo o que você podia serinventamos na pele e em letrasem pixels, em pontosem discosem girosem dançasseu olho brilha
no nosso quarto escuro
os adesivos de estrela saíram
faz tempo do teto
dividíamos a mesma infância
em tempos e espaços outros
mas tenho certeza
que toda noite olhávamos
para o mesmo céu de falsas estrelasos adesivos de estrelasviraram estrelaso teto
virou o céua infância, agora dentrono único tempo e espaço que existe- aqui, agora, eu e vocêem toda noite que existeem todas as noites inventadasnum céu de estrelas verdadeirascomo qualquer poesia(poema a 4 mãos - Taiyo Omura e Carolina Amaral)
segunda-feira, 4 de junho de 2012
sinto que estou lendo algo já escrito no futuro
sinto que estive escrevendo algo que li agora
como aquela sensação de já ter visto o filme
logo depois de vê-lo
pipoca no jornal
atrás do tecido
reluz um gosto amargo
do seu beijo
feito um desafio
relógio parado
andando para trás
entortado
escangalhado
na parede do meu quarto
sem paredes
o seu cheiro ainda tá na camisa
desregramento dos sentidos
legau
consegui sentir sua pele pelo cheiro
e da pele veio a cor
sinto que estive escrevendo algo que li agora
como aquela sensação de já ter visto o filme
logo depois de vê-lo
pipoca no jornal
atrás do tecido
reluz um gosto amargo
do seu beijo
feito um desafio
relógio parado
andando para trás
entortado
escangalhado
na parede do meu quarto
sem paredes
o seu cheiro ainda tá na camisa
desregramento dos sentidos
legau
consegui sentir sua pele pelo cheiro
e da pele veio a cor
sábado, 2 de junho de 2012
a boca da cama
o ventilador
na boca da cama
nem engana
o calor
ela me olha
na cama
na boca de
uma mulher
a cara
o cabelo amassado
não enganam
que ela amou
ontem
o sol
na pele de lençol
altura da bunda
também deita
nela
eu mais desejo
que escrevo
estrelas no lençol
ela tampa a boca
com uma estrela
lá fora a obra
bate
aqui é só
pulsação
parece outra
cidade
parece
coração
perdida em sono
na boca do dia
me perco no corpo
nas curvas
desse bicho solto
largado
lagarto
na cama
espalhado no tempo
de uma sexta-feira
infinita
de leve
ainda dormindo
esboça um sorriso
vindo do sonho
o lençol respira
num ciclo
movendo estrelas
em pleno dia
na boca da cama
galáxias da cama
esparramado universo
fabricando verso
numa brincadeira
ainda dormindo
esboça um sorriso
é quase um mantra
de sonhos lindos
e sem pijama
só de calcinha
invade a retina míope
de um poeta
o meu desejo
na boca da tua pele
se faz primeiro
impulso
instinto
depois tela
depois palavra
depois mentira
depois invenção
depois verdade
depois mito
mais ou menos
nessa desordem
na boca do sentido
vem um leve grito
do seu gemido
mesmo ainda dormindo
escuto os sons
da madrugada
me vem idéias
loucas
nem tão loucas
de escrever-te
comigo mesmo
em tua pele
essa poesia
ensaiamos faz tempo
o pé descoberto
pra fora do lençol
uma parte do ombro
uma do joelho
atrás dos cabelos
e as mãos em pose
(um quadro cubista?)
água não se recorta
só flui
e o lençol
na boca do corpo
se esparrama
como rio de janeiro
em ínicio de junho
paredes abacate
a cama branca
travesseiro tropical
lençol branco
de estrelas
e um corpo
chocolate ao leite
doce
(com alguma pimenta, brasileira)
um corpo que se derrete
na boca de um poeta
eu mais desejo
que escrevo
quarta-feira, 30 de maio de 2012
corpofala
debaixo da pele
um outro tipo de pele
debaixo da carne
um outro tipo de carne
por entre o sangue
um outro tipo de sangue
por entre os fluidos
um outro tipo de fluido
por entre as energias
um outro tipo de energia
há algo além
e além
e além
nesse abismo
que somos
que estamos
que seremos agora
o corpo procura
a mente
procura
a consciência
sabe
sente
debaixo da mente
por entre a mente
somente
resta
nada
semente
aquele vazio
do sonho lúcido
angustiante
incrível
ainda sou fraco demais pra tanta liberdade
preciso de bases de pedra
como aquela circular, mesmo que flutue no abismo
está lá
é sólida
de pedras
ainda mais
ainda mais e mais profundo
imagens se formam
desaparecem
sons veem
e vão
não em vão
vulcões
de imagens-sons
no centro
vazio
da criação
não são palavras
palavras são depois
e o depois não existe
no limite das palavras
onde o som encontra o sentido
ou vício ou verso
o universo respira uma dança
por entre as costelas galácticas
por entre os sistemas solares
no escuro abismo infinito de estrelas
no limite das palavras
e para além delas
ainda há
ainda resta
ainda sobra
e não está no espaço
nem no tempo
nessa poesia maior menor inexistente
estamos nós
dançando em círculos
inventando órbitas
no globo ocular
para enxergar a valsa
que a alma dança no mundo invisível
de braços abertos
(eles vão até onde o universo vai)
de olhos abertos
(eles vão até onde o universo vai)
o horizonte em mim se faz abraço
se faz embalo
e deito suavemente em meu próprio olhar
durmo
sonho
vivo
não sei identificar
o que é sonho
e o que não é
e nem importa mais
so(u)(l)
um outro tipo de pele
debaixo da carne
um outro tipo de carne
por entre o sangue
um outro tipo de sangue
por entre os fluidos
um outro tipo de fluido
por entre as energias
um outro tipo de energia
há algo além
e além
e além
nesse abismo
que somos
que estamos
que seremos agora
o corpo procura
a mente
procura
a consciência
sabe
sente
debaixo da mente
por entre a mente
somente
resta
nada
semente
aquele vazio
do sonho lúcido
angustiante
incrível
ainda sou fraco demais pra tanta liberdade
preciso de bases de pedra
como aquela circular, mesmo que flutue no abismo
está lá
é sólida
de pedras
ainda mais
ainda mais e mais profundo
imagens se formam
desaparecem
sons veem
e vão
não em vão
vulcões
de imagens-sons
no centro
vazio
da criação
não são palavras
palavras são depois
e o depois não existe
no limite das palavras
onde o som encontra o sentido
ou vício ou verso
o universo respira uma dança
por entre as costelas galácticas
por entre os sistemas solares
no escuro abismo infinito de estrelas
no limite das palavras
e para além delas
ainda há
ainda resta
ainda sobra
e não está no espaço
nem no tempo
nessa poesia maior menor inexistente
estamos nós
dançando em círculos
inventando órbitas
no globo ocular
para enxergar a valsa
que a alma dança no mundo invisível
de braços abertos
(eles vão até onde o universo vai)
de olhos abertos
(eles vão até onde o universo vai)
o horizonte em mim se faz abraço
se faz embalo
e deito suavemente em meu próprio olhar
durmo
sonho
vivo
não sei identificar
o que é sonho
e o que não é
e nem importa mais
so(u)(l)
domingo, 27 de maio de 2012
estromatólitos
na orla
brinquedos de luz
invertem o céu
o mar
se funde ao céu
logo ali
yoga
naquele escuro
um homem de mochila
enfrenta o mar
de pé
numa pedra
vim para as pedras
não para escrever
mas para ser escrito
por elas
poderia ficar horas
só olhando o jeito
que o mar bate na pedra
e cria espumas e sons
(de alguma forma isso me lembra nós dois nus)
vim para perto do mar
para entender suas origens
estromatólitos são seres de fontes
do tempo que quase não tinha tempo
(mas no filme parecia uma pedra de gelatina)
quanto mais olho o mar
menos me sou
e a poesia
fica sendo aquela coisa
como colocar máscaras
e viver em transe
moça
máscara
meu olhar
mundo
medo
espuma do mar
mulher
máscara
duna solar
planeta sade
javali selvagem
na lama
(essa foi djavan ein?)
e olha que eu nem precisei
inventar mitologias:
está tudo aí
as poses e cia.
poesia
índia do mato
ralando mandioca
os cabelos
o encontro do mar com o céu
de noite
os olhos
duas luas minguantes
em eclipse prismático
de algum lugar distante
os quadris
montanhas do rio de janeiro
a boca
fruta tropical
de um sábado-feira
(mulher bonita não paga e também leva!)
as coxas
canoas de árvores fortes
subindo seu rio
no delta do Nilo
no encontro das pernas
um porto seguro?
bahia?
vulcão em vulva
víbora
vício
ofereço em sacrifício
fluxo e precipício
black magic woman
making the devil out of me
o manoel chamaria de caracol de batom vermelho
o bandeira chamaria de porquinho-da-índia
o vinícius de morena
o caymmi de morena rosa
o caê de coisa linda
djavan de galáxia negra
o lô de ela
o drummond de pernas pretas
o murilo de visões do mar
o rimbaud de dérèglement de tous le senses
o carvalho de in the mood
o augusto dos anjos de estromatólito moreno
bilac de ourivesaria inca
bituca de o que será
jorjamado de gabriela
guimarães de diabo
cores, nomes
nomes
cinema
transcendental
biológico
sem lógica nenhuma
cores
sons
noite, dia
fome
força
fundo
cinema mudo
cores, nomes
mito
brinquedos de luz
invertem o céu
o mar
se funde ao céu
logo ali
yoga
naquele escuro
um homem de mochila
enfrenta o mar
de pé
numa pedra
vim para as pedras
não para escrever
mas para ser escrito
por elas
poderia ficar horas
só olhando o jeito
que o mar bate na pedra
e cria espumas e sons
(de alguma forma isso me lembra nós dois nus)
vim para perto do mar
para entender suas origens
estromatólitos são seres de fontes
do tempo que quase não tinha tempo
(mas no filme parecia uma pedra de gelatina)
quanto mais olho o mar
menos me sou
e a poesia
fica sendo aquela coisa
como colocar máscaras
e viver em transe
moça
máscara
meu olhar
mundo
medo
espuma do mar
mulher
máscara
duna solar
planeta sade
javali selvagem
na lama
(essa foi djavan ein?)
e olha que eu nem precisei
inventar mitologias:
está tudo aí
as poses e cia.
poesia
índia do mato
ralando mandioca
os cabelos
o encontro do mar com o céu
de noite
os olhos
duas luas minguantes
em eclipse prismático
de algum lugar distante
os quadris
montanhas do rio de janeiro
a boca
fruta tropical
de um sábado-feira
(mulher bonita não paga e também leva!)
as coxas
canoas de árvores fortes
subindo seu rio
no delta do Nilo
no encontro das pernas
um porto seguro?
bahia?
vulcão em vulva
víbora
vício
ofereço em sacrifício
fluxo e precipício
black magic woman
making the devil out of me
o manoel chamaria de caracol de batom vermelho
o bandeira chamaria de porquinho-da-índia
o vinícius de morena
o caymmi de morena rosa
o caê de coisa linda
djavan de galáxia negra
o lô de ela
o drummond de pernas pretas
o murilo de visões do mar
o rimbaud de dérèglement de tous le senses
o carvalho de in the mood
o augusto dos anjos de estromatólito moreno
bilac de ourivesaria inca
bituca de o que será
jorjamado de gabriela
guimarães de diabo
cores, nomes
nomes
cinema
transcendental
biológico
sem lógica nenhuma
cores
sons
noite, dia
fome
força
fundo
cinema mudo
cores, nomes
mito
quinta-feira, 24 de maio de 2012
sábado, 19 de maio de 2012
flui
ela me fez entender heráclito
numa mesa de restaurante a quilo
que nem era vegetariano
com flores de plástico
chão de ardósia
2 formigas no chão
no rádio tocava
garotos não resistem aos seus mistérios
e you're beautiful
belas sugestões!
não quis mostrar
o caderno, o diário,
mas consegui ler
assim de relance
algumas palavras como
silêncio, suzana, etc...
nesse pacto secreto
como aqueles de infância
sobre coisas muito banais
mas secretas
o trato era escrever sobre o almoço
e ela fez um poema
muito melhor
não devia ter lido antes...
o desafio era estar
ser
ao mesmo tempo sem deixar
de poesiar
como se faz
protegido pelas conchas
da escrita
e assim
por mais que véus e enfeites de plástico
cobrissem um pouco o espaço
como em filmes de Wong Kar-Wai
(ou o Carvalho - como costumava apelidar)
por mais que as banalidades
as apresentações
e modos sociais
inventassem algumas conchas
algum sonho tava ali
talvez sendo carregado por formigas
talvez pulsando alguma vida
nas flores de plástico
nos gestos
no sorriso
em lembranças inventadas
e já que se pode caminhar pelo mesmo rio
duas vezes
se a frase às vezes não encaixa
e nessa ondulação flutuante
das coisas que se descobrem no mar
pequenos tesouros
fragmentos de antigos naufrágios
até águas de outros rios
tudo flui
estou até rindo agora
pensando:
por mais que eu tente
esse poema não vai ser tão bom
quanto estar lá
(ou quanto o poema dela)
ah! pro escambau!
quem falou que a vida se separa em poesia e em vida?
já até me falaram isso
mas eu não acreditei
numa mesa de restaurante a quilo
que nem era vegetariano
com flores de plástico
chão de ardósia
2 formigas no chão
no rádio tocava
garotos não resistem aos seus mistérios
e you're beautiful
belas sugestões!
não quis mostrar
o caderno, o diário,
mas consegui ler
assim de relance
algumas palavras como
silêncio, suzana, etc...
nesse pacto secreto
como aqueles de infância
sobre coisas muito banais
mas secretas
o trato era escrever sobre o almoço
e ela fez um poema
muito melhor
não devia ter lido antes...
o desafio era estar
ser
ao mesmo tempo sem deixar
de poesiar
como se faz
protegido pelas conchas
da escrita
e assim
por mais que véus e enfeites de plástico
cobrissem um pouco o espaço
como em filmes de Wong Kar-Wai
(ou o Carvalho - como costumava apelidar)
por mais que as banalidades
as apresentações
e modos sociais
inventassem algumas conchas
algum sonho tava ali
talvez sendo carregado por formigas
talvez pulsando alguma vida
nas flores de plástico
nos gestos
no sorriso
em lembranças inventadas
e já que se pode caminhar pelo mesmo rio
duas vezes
se a frase às vezes não encaixa
e nessa ondulação flutuante
das coisas que se descobrem no mar
pequenos tesouros
fragmentos de antigos naufrágios
até águas de outros rios
tudo flui
estou até rindo agora
pensando:
por mais que eu tente
esse poema não vai ser tão bom
quanto estar lá
(ou quanto o poema dela)
ah! pro escambau!
quem falou que a vida se separa em poesia e em vida?
já até me falaram isso
mas eu não acreditei
quinta-feira, 17 de maio de 2012
alive
looking trough the stars
up in the great black sky
I search the meaning of life
while my guitar gently cry
some lô borges songs
that my mother used to hear
when I was inside her belly
when the stars that I saw
were her flesh and blood and tears
looking trough the mirror
I see some strange lines
inside my eyes
they look like stars
up in the great black sky
and life suddently starts to
mean something in the way she moves
I see the sound of things
like the wind in my skin
I see the sound of you
coming in visions of my mind
looking trough the night
I dream about
some lô borges songs
that I used to hear
when the world was inside my belly
nine out of ten movie stars
make my cry
I`m alive
vivainda
vivaldi
vulva
vácuo
vapor barato
vamos dançar no escuro
no fim do mundo
no futuro
fugere urbens
fugere tudo
i`m alive
up in the great black sky
I search the meaning of life
while my guitar gently cry
some lô borges songs
that my mother used to hear
when I was inside her belly
when the stars that I saw
were her flesh and blood and tears
looking trough the mirror
I see some strange lines
inside my eyes
they look like stars
up in the great black sky
and life suddently starts to
mean something in the way she moves
I see the sound of things
like the wind in my skin
I see the sound of you
coming in visions of my mind
looking trough the night
I dream about
some lô borges songs
that I used to hear
when the world was inside my belly
nine out of ten movie stars
make my cry
I`m alive
vivainda
vivaldi
vulva
vácuo
vapor barato
vamos dançar no escuro
no fim do mundo
no futuro
fugere urbens
fugere tudo
i`m alive
quarta-feira, 9 de maio de 2012
caracol de batom vermelho
você é um caracol
de batom vermelho
se enrosca fugindo do sol
e não escuta conselho
você é um caracol
labirinto de espelho
pode se ver um só
ou milhares de medos
você é morena
do cravo e canela
nem grande nem pequena
a altura dela
parece meu sonho antigo
que eu carrego acordado
combina muito comigo
uma mistura de fado
nunca ganhou poesia
a não ser do pai poeta
só pode ser fantasia
uma estória incorreta
como pode, menina
ninguém ter te escrito até ontem
se sei que por onde caminha
caracóis seduzidos se escondem?
como pode, menina
fugir pro casco espiral
sempre que o sol aproxima
por dentro constrói temporal?
você é um caracol-mulher
de batom vermelho
dança que nem a ginger
quando inventa de frente ao espelho
esse poeminha rimado
mal-rimado que nem de criança
parece algo quebrado
ritmo vai que balança
percebe que sonho acordado
nem preciso deitar e dormir aqui
você faz meu sonho sonhado
parecer como um filme de Berkeley
você é um caracol-criança
de batom vermelho flor no cabelo também
inventa do nada uma dança
que era só um cochilo num trem
me pede um cafuné num instante
no outro não sabe o que quer
você é um caracol-viajante
se enroscando no mundo que é
num mato perdido em minas
rasteja a memória no chão
cães, piques, meninas
tudo na palma da mão
conheço as estórias completas
conheço porque inventei assim
poetas são como profetas
escrevem o começo depois do fim
não tenha medo do sol
esse é meu conselho
você é um caracol
de batom vermelho
de batom vermelho
se enrosca fugindo do sol
e não escuta conselho
você é um caracol
labirinto de espelho
pode se ver um só
ou milhares de medos
você é morena
do cravo e canela
nem grande nem pequena
a altura dela
parece meu sonho antigo
que eu carrego acordado
combina muito comigo
uma mistura de fado
nunca ganhou poesia
a não ser do pai poeta
só pode ser fantasia
uma estória incorreta
como pode, menina
ninguém ter te escrito até ontem
se sei que por onde caminha
caracóis seduzidos se escondem?
como pode, menina
fugir pro casco espiral
sempre que o sol aproxima
por dentro constrói temporal?
você é um caracol-mulher
de batom vermelho
dança que nem a ginger
quando inventa de frente ao espelho
esse poeminha rimado
mal-rimado que nem de criança
parece algo quebrado
ritmo vai que balança
percebe que sonho acordado
nem preciso deitar e dormir aqui
você faz meu sonho sonhado
parecer como um filme de Berkeley
você é um caracol-criança
de batom vermelho flor no cabelo também
inventa do nada uma dança
que era só um cochilo num trem
me pede um cafuné num instante
no outro não sabe o que quer
você é um caracol-viajante
se enroscando no mundo que é
num mato perdido em minas
rasteja a memória no chão
cães, piques, meninas
tudo na palma da mão
conheço as estórias completas
conheço porque inventei assim
poetas são como profetas
escrevem o começo depois do fim
não tenha medo do sol
esse é meu conselho
você é um caracol
de batom vermelho
terça-feira, 8 de maio de 2012
percebe?
você
rima
comigo
já
percebeu
isso?
clube
manoel
vinil
infinito?
você
tá
até
no
sonho
ou
eu
durmo
enquanto
vivo?
acho
até
engraçado
nem
te conheço
mas
conheço
nem
pergunto
e
já
entendo
meio
bituca
meio
caê
meio
almodovar
meio
sei lá
trem de doido!
rima
comigo
já
percebeu
isso?
clube
manoel
vinil
infinito?
você
tá
até
no
sonho
ou
eu
durmo
enquanto
vivo?
acho
até
engraçado
nem
te conheço
mas
conheço
nem
pergunto
e
já
entendo
meio
bituca
meio
caê
meio
almodovar
meio
sei lá
trem de doido!
segunda-feira, 7 de maio de 2012
puro barato
percorro
teu corpo
palavra
escorrego
pela sala
num canto
do pescoço
esqueço
o tempo
sussurrando
vento
num fio
de cabelo
arrepiado
as mãos
assumem
o corpo
num toque
torto
enquanto
o mundo
gira
ao redor
da tua camisa
lisa
solta
espera
um pouco
o gozo
preso
solto
na ponta
da boca
morna
e morde
a carne
quente
na suave
violência
de tornar
o corpo
um só
envolve
o ar
num gesto
bruto
seiva
elaborada
com o nosso
suor
escorre
sujo
um sonho
fundo
um deus
de carne
um louco
som
e presa
na parede
como
presa
como
ventre
livre
dentro
como
a tua pele
e pêlo
ímpar
descreve
com o dorso
interroga
a curvatura
da cintura
com cintura
consentindo
em sufocar
o grito
gemido
ao dar
a cara
à tapa
a nádega
a faca
a esfera
ocular
o eclipse
lunar
a própria
terra
enterrada
em seu
gozar
espera
mais um
pouco
e eu já
rouco
arranho o
corpo
com os
dentes
enquanto
torce
a cama
o tempo
o espaço
sideral
invade
em movimento
vulcão de dentro
percorre o corpo
palavra
torto
invade o tempo
por entre as carnes
por entre as pernas
invade os mares
as primaveras
e vem de um tempo
que nem era tempo
e vem com força
invade a moça
transforma tudo
inventa um corpo
de um só corpo
inventa um som
maior que o om
inventa a espera
o esperma
fecunda a terra
inventa o verde
que não se perde
fazenda viva
inventa a vida
em forma vulva
e vem molhando
em seiva sangue sublimado
em sonho já sonhado
inventa um corpo em rima
em cima um do outro
se faz de outra
inventa ruas
por entre as pernas
e grita nua
palavras xulas
inventa a puta
se faz de muitas
inventa um jeito
se dá sem medo
entrega o seio
a minha língua
inventa rimas
e num crescendo
aumenta o ritmo
o corpo inventa
caminhos vivos
em meio a líquidos
e superfícies
descobre a pele
desperta vícios
alucinados
o olhar em branco
lençol molhado
o sol é lua
no céu nublado
o ventre uiva
a céu aberto
invade o músculo
em tempestade
inventa o corpo
e parte em arte
cada pedaço
teu corpo arde
em brasa fria
e na barriga
eu bebo e paro
avanço e bebo
o nosso oásis
até os pêlos
dos teus cabelos
invento redes
invento tardes
e deito e canso
descanso e deito
e durmo e acordo
e acordo e sonho
em tuas redes
invento o grito
do teu gemido
parece um mito
de muito tempo
...
agora dorme
agora pulsa
transborda tudo
e ri de tudo
inventa a carne rubra
até o umbigo
e vibra a nuca
em ondas livres
o corpo em pane
um tsunami
passou por dentro
agora dorme
agora pulsa
dragão mais lento
sorrindo leve
inventa um sono
inventa um corpo
agora sem corpo
agora livre
depois do ato
puro barato
teu corpo
palavra
escorrego
pela sala
num canto
do pescoço
esqueço
o tempo
sussurrando
vento
num fio
de cabelo
arrepiado
as mãos
assumem
o corpo
num toque
torto
enquanto
o mundo
gira
ao redor
da tua camisa
lisa
solta
espera
um pouco
o gozo
preso
solto
na ponta
da boca
morna
e morde
a carne
quente
na suave
violência
de tornar
o corpo
um só
envolve
o ar
num gesto
bruto
seiva
elaborada
com o nosso
suor
escorre
sujo
um sonho
fundo
um deus
de carne
um louco
som
e presa
na parede
como
presa
como
ventre
livre
dentro
como
a tua pele
e pêlo
ímpar
descreve
com o dorso
interroga
a curvatura
da cintura
com cintura
consentindo
em sufocar
o grito
gemido
ao dar
a cara
à tapa
a nádega
a faca
a esfera
ocular
o eclipse
lunar
a própria
terra
enterrada
em seu
gozar
espera
mais um
pouco
e eu já
rouco
arranho o
corpo
com os
dentes
enquanto
torce
a cama
o tempo
o espaço
sideral
invade
em movimento
vulcão de dentro
percorre o corpo
palavra
torto
invade o tempo
por entre as carnes
por entre as pernas
invade os mares
as primaveras
e vem de um tempo
que nem era tempo
e vem com força
invade a moça
transforma tudo
inventa um corpo
de um só corpo
inventa um som
maior que o om
inventa a espera
o esperma
fecunda a terra
inventa o verde
que não se perde
fazenda viva
inventa a vida
em forma vulva
e vem molhando
em seiva sangue sublimado
em sonho já sonhado
inventa um corpo em rima
em cima um do outro
se faz de outra
inventa ruas
por entre as pernas
e grita nua
palavras xulas
inventa a puta
se faz de muitas
inventa um jeito
se dá sem medo
entrega o seio
a minha língua
inventa rimas
e num crescendo
aumenta o ritmo
o corpo inventa
caminhos vivos
em meio a líquidos
e superfícies
descobre a pele
desperta vícios
alucinados
o olhar em branco
lençol molhado
o sol é lua
no céu nublado
o ventre uiva
a céu aberto
invade o músculo
em tempestade
inventa o corpo
e parte em arte
cada pedaço
teu corpo arde
em brasa fria
e na barriga
eu bebo e paro
avanço e bebo
o nosso oásis
até os pêlos
dos teus cabelos
invento redes
invento tardes
e deito e canso
descanso e deito
e durmo e acordo
e acordo e sonho
em tuas redes
invento o grito
do teu gemido
parece um mito
de muito tempo
...
agora dorme
agora pulsa
transborda tudo
e ri de tudo
inventa a carne rubra
até o umbigo
e vibra a nuca
em ondas livres
o corpo em pane
um tsunami
passou por dentro
agora dorme
agora pulsa
dragão mais lento
sorrindo leve
inventa um sono
inventa um corpo
agora sem corpo
agora livre
depois do ato
puro barato
segunda-feira, 23 de abril de 2012
nas pedras do arpoador
mulher sentada olhando o mar
o mar deitado olhando a mulher
a espuma dançando na pedra
a pedra sonhando com a mulher
a mulher se fazendo pedra
montanhas do rio de janeiro
lugar qualquer
o sol na linha do horizonte
não existe mas acreditamos
que ele esteve lá
porque o fogo laranja
se apaga
na espuma do mar
que contempla a pedra
a mulher e a linha do horizonte
que não existe
mas está lá
no limite das palavras
ou no infinito
mulher abraça as pernas
não vejo o rosto
o rosto é o mar
um fogo laranja
some
atrás do mar
quanto mais some esse fogo
mais claro o poema
se forma
em espumas
que não posso ver
a vida inteira eu procurei
um momento como esse
em que uma mulher se faz pedra
a pedra grita mar
e a espuma vira palavra
nunca achei
nem vou achar
e isso não me basta
e a poesia vive
o mar deitado olhando a mulher
a espuma dançando na pedra
a pedra sonhando com a mulher
a mulher se fazendo pedra
montanhas do rio de janeiro
lugar qualquer
o sol na linha do horizonte
não existe mas acreditamos
que ele esteve lá
porque o fogo laranja
se apaga
na espuma do mar
que contempla a pedra
a mulher e a linha do horizonte
que não existe
mas está lá
no limite das palavras
ou no infinito
mulher abraça as pernas
não vejo o rosto
o rosto é o mar
um fogo laranja
some
atrás do mar
quanto mais some esse fogo
mais claro o poema
se forma
em espumas
que não posso ver
a vida inteira eu procurei
um momento como esse
em que uma mulher se faz pedra
a pedra grita mar
e a espuma vira palavra
nunca achei
nem vou achar
e isso não me basta
e a poesia vive
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