segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Memórias 2
sábado, 26 de dezembro de 2009
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Memórias 1
Inauguro hoje, dia 17 de dezembro de 2009, uma espécie de autobiografia de coisas que eu lembro, e de lembranças inventadas. Se você leitor quiser saber ao certo a veracidade desses fatos e memórias, só posso responder citando o Manoel de Barros: “só dez por cento é mentira: o resto é invenção.”.
Uma das minhas lembranças mais remotas e a sensação de tocar na areia pela primeira vez. Não sei se é uma lembrança da sensação ou se é apenas uma sensação imaginada pelo jeito que minha mãe contou o ocorrido.
Era um dos meus primeiros dias numa creche, quando decidiram me mostrar o parquinho, onde tinha aqueles brinquedos e o chão todo de areia. Pensando hoje, parece que a areia é uma forma de evitar que as crianças se machuquem ao cair. Uma boa idéia. Pois sempre caem, é inevitável.
Eu devo ter pisado na areia e estranhado. Que coisa esquisita...o chão agora não é duro como os outros chãos...Deve ter sido curioso. E com aquelas perninhas tortas eu tentei andar um pouco na areia.
Pelo pouco que me lembro, eu devo ter estranhado tanto, que decidi sentar na areia e analisar aquele chão esquisito, com as minhas próprias mãos, numa atitude claramente experimental, de um futuro homem da ciência, instigado pelo conhecimento. Exagerei um pouco, mas ficou legal. É melhor guardar as imagens e sons com um pouco de exagero nas partes legais, nas partes que animam. Juntando tudo, a vida parece mais viva na memória.
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Quando eu fiz 13 anos decidi mudar minha vida completamente. Já não era mais o mesmo Taiyo. Ou não queria ser. Definitivamente, estava entrando na adolescência. O primeiro passo foi na escolha do presente de aniversário.
Fui para uma livraria dessas enormes que vendem de tudo, direto para a seção de música, cds, dvds. Já tinha algo em mente. Dois cds: um do Jimi Hendrix que eu tinha lido sobre na revista Playboy, e outro do Black Sabbath...acho que era Black Sabbath ou AC-DC.
Segurei os cds nas mãos, todo confiante, e peguei uma daquelas maquininhas para tocar e ouvir o disco no fone de ouvido. Epifania: sem saber, deixei o volume no máximo. Sorte ou não (nada é por acaso), a primeira música do disco do Hendrix começava justamente com uma porrada na guitarra, uma palhetada forte pra cacete, muito alta e distorcida.
Aquele som fudeu qualquer neurônio da criança que existia em mim.
No natal, pedi uma guitarra:
“Igual a do Jimi Hendrix”.
Agora sim, a criança estava morta, e um longo período conhecido como adolescência estava para começar, com muito rock (Hendrix, Sabbath e Zepellin, drogas (guaraná, açaí e paçoca) e sexo (solitário). É triste mas é alegre.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
sábado, 12 de dezembro de 2009
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Felina
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Ela
domingo, 6 de dezembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
Aquilo
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
domingo, 15 de novembro de 2009
Noite anterior
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
Limitedosom - vinhetas no Myspace
terça-feira, 3 de novembro de 2009
A Charrete
às vezes eu me lembro daquela foto.
eu não lembro do que foi aquela foto.
eu lembro da imagem da foto.
às vezes eu sinto o que eu vi, quando tiraram a foto.
o menino estava correndo, junto com os colegas da escola, numa fazenda.
"Piperama".
o menino entrava em uma cidade em miniatura, uma cidade das crianças.
numa dessas casinhas, roupas de adulto, antigas. de quem eram?
o menino coloca a roupa e vê uma professora, ou uma dessas mulheres-senhoras que
cuidavam das crianças.
ela está com uma máquina fotográfica. ela tira uma foto.
o menino cresceu e hoje vê a foto.
o menino morreu, para nascer o garoto, e o garoto morreu, para nascer o homem.
Eu lembro daquele menino. eu não lembro daquele menino.
e na lembrança do menino?
como ele lembrará o homem?
domingo, 1 de novembro de 2009
zentimental
na janela do sol que bate no brilho
eu vejo só o miró do mirror
eu vejo, só, o sozinho de mim
eu vejo o Tejo e a liberdade
a pátria a morte oh liberdade
eu vejo o Oriente a oriente do oriente sorridente
o rio rente o Rio
eu rio do que vejo por que vejo o sole mio
eu canto o beijo que recebo do sol
na testa na cabeça no trem asul
zentimentos em meu peito eu tenho demais
zentimentos em meu peito eu tenho eu
o eu zente muito a minha mente
e zentimentalmente falando a gente não mente
fosse um samba seria canção
fosse uma cueca seria branca
fosse uma bandeira seria do Brasil
tenho em mim todas as respostas para as perguntas que elas geram
mas tenho em mim todas as respostas para as respostas que elas não respondem
fosse eu Deus e transformaria arte em ouro
poesia em ouro
e ouro em poesia
mas sou humano, demasiadamente humano
e só opero equações de primeiro grau
e ditado com 10 palavras. ponto final.
eu aprendi na escola como escrever as palavras
mas o significado eu aprendi na rua
em todas as minhas pequenas mortes
e pequenos nascimentos
em todos os cuspes e tapas na cara
e carrinhos do futebol
se você queimou aquelas poesias
feitas de caderno amarelo e lápis
só fez questão de ilustrar o que estava escrito
cinzas e promessas e futuros já passados
poesia de criança só serve para queimar papéis
e embrulhar balas ice-kiss
a verdadeira poesia
ficou guardada no meu futuro
a verdadeira promessa
já pegou o primeiro ônibus escolar
a verdadeira canção
eu cantei e esqueci
estou de pé e pulo e grito e gesticulo com o abismo
numa luta eu me domino e continuo a continuar
piso duas vezes no mesmo rio
jogo a piada no lixo
e planto um som no mundo
domingo, 25 de outubro de 2009
a alegria existente em cada mínimo objeto e em cada mínima criatura
quando eu perceber que a alegria é minha e Tua
quando eu perceber
que o Eu não existe
a alegria que persiste e me persegue, me fecundará do presente
quando eu perceber
a música do silêncio
a musa de-quando-fecho-os-olhos
a poesia dos corpos em movimento
a vida nascendo nas nuvens
os sonhos trazidos pela chuva
a história dos meus ancestrais
a minha história ancestral
o meu futuro ancestral
o nosso futuro ancestral
quando eu perceber
que perceber é mais Ser do que ter
quando eu dar sem procurar receber
quando eu perder o medo
da morte
do desafio
de revelar a minha ignorância
quando eu perceber
que somos Um
será poesia
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
coisas
mas as coisas acabam.
até uma poesia acaba.
o fim é uma etapa importante
de todos os processos.
a memória acaba?
pode ser. até a memória pode acabar.
é preciso o fim para que venham novos começos
e novos fins para outros novos começos.
o fim evidencia a mudança, o movimento do mundo.
a saudade acaba?
pode virar memória. e até a memória pode acabar.
saudade só tem no português. maldita e linda língua essa que
espalha saudade pelos portos. até a língua portuguesa terá seu fim.
fernando pessoa, de certa forma, voltará para o rio de sua aldeia, o rio nenhum,
em formato de pó e silêncio.
e o amor?
o amor pousou de levinho em nosso futuro, só pra fazer cosquinha, contar causos
e partir,
mas deixou o sorriso. o amor é generoso. deixa coisas, mesmo que seja nada,
deixa coisas.
coisas que não pesam e pesam mais do que bagagem
coisas que lembram do futuro
coisas que resolvem poesias
coisas feitas de pedaços de parede e mel
coisas pequenas que você deixou cair
coisas que voam de carona em perfumes
coisas que alguém se esqueceu de dizer e vento às vezes trouxe
coisas
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
e mastigo, castigo
eu guardo sentimentos no peito
e grito, mito
histórias que existem desde o começo do mundo
desde quando as águas andavam na face do nada
e quando o verbo se fez árvore
dentro de mim tem uma casca
e fora tem um centro
quem quiser saber meu nome
é só olhar no espelho
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
terça-feira, 6 de outubro de 2009
ele refletiria
se ele fosse um reflexo
ele fingiria
as batidas de coração
vêm do centro da terra
um centro onde todas as bocas do mundo
urram
se as batidas fossem minhas
elas seriam de todos
em cada boca e em cada beijo
se espera um segredo
embrulhado em saliva
se meu coração fosse de plástico
estaria boiando na baía
com uma carta ainda vazia
que eu mesmo leria
um dia
se meu coração fosse seu
ele seria meu
se meu coração fosse real
ele seria feito de sonhos
o mundo dorme sonos dogmáticos
e nós preparando o jantar para a morte
se meu coração fosse
ele seria
domingo, 4 de outubro de 2009
sábado, 26 de setembro de 2009
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
domingo, 20 de setembro de 2009
A Melhor Poesia que eu Já Li
pode ser o barulho das teclas do teclado do computador enquanto eu digito esse poema
essas pequenas coisas são pra mim as mais valiosas
porque elas são a minha existência
a minha namorada dormindo na sala
no sofá da sala
e o mundo podendo terminar nesse instante
estou feliz
feliz como alguém que sonhou e lembrou
que o sonho era gostoso
estou feliz como quem ainda não acordou de um sonho
estou feliz como daquela vez que olhei pro mar numa praia que não me lembro
e pensei comigo
estou feliz
e se o tempo é mesmo relativo
eu posso engrandecer esse momento
torná-lo um quadro
um poema
e toda vez que eu o ler
vou sentir a mesma sensação
pra mim, vai ser uma ótima poesia
foda-se a linguagem, as normas ou transgressões delas
pra mim,
essa é a melhor poesia que eu já li
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
esses chinelos na infância são quase como
canetas bic
para onde vão as canetas bic perdidas?
você já achou uma?
você já estava pegando um jacaré em búzios, leblon
e, no meio da onda, avistou uma havaiana, ou melhor, duas, juntas,
pegando a mesma onda, como que calçando os pés de um surfista fantasma?
já disseram que as canetas bic são o símbolo maior do socialismo.
mas eu não quero falar de canetas bic.
quero falar do serumano. o serumano é um negócio que me intriga.
computadores vão compor sinfonias e pintar quadros.
mas o seruamano resiste, mesmo perdido.
um amigo do c.a tinha um estojo manerão. era retangular, de madeira, com uma tampa que encaixava. tava na moda esse tipo de estojo. eu era fissurado naquele estojo.
troquei com o cara. nem lembro o que aconteceu com o estojo.
eu tinha um videogame nintendo com várias fitas. jogava direto.
mas ai fiz 13 anos e quis tocar roquenrol na guitarra.
vendi tudo. até gameboy. e comprei uma Stage tipo strato do Jimi Hendrix.
nem lembro o que aconteceu com a Stage.
as coisas perdidas, mesmo perdidas, resistem.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Carta para o Fim de um Namoro
foi o disco do bituca que você pegou
sem ter me pedido
eu perdôo tudo, as palhaçadas
aquela vez que você ficou bêbada
mas o disco do bituca...
o que que deu errado com a gente?
eu sei, fui eu e foi você
mas parecia durante um bom tempo
que era certo
agora as coisas ficaram um pouco mais difíceis por aqui
não podemos nos falar como antes
é diferente
eu sei que você queria, mas, só escrevo essa mensagem agora
porque só agora pude escrevê-la
quero que lembre dos momentos bons
as coisas que ficaram realmente
no teu coração
e no meu
ass: F. P. Tostes
psicografia do médium Almeidinha
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isso foi uma proposta de texto do somesentido.blogspot.com
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
e movimentam-se como não houvesse tempo
meus olhos estão voltados para o mundo
e movimentam-se como fossem meus
meus olhos estão voltados para o retorno
o eterno retorno que volta nos meus olhos
meus olhos estão voltados para os meus olhos
e vejo o tempo desvencilhar-se dos sentidos
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Emails para Natasha - Parte V
dia 24. se eu dissesse que nada de interessante aconteceu, só isso já seria alguma coisa. pois então digo que uma coisa me chamou a atenção. hoje vi um cão de cadeira de rodas. sim, um cão. era uma cadeirinha pequena, com duas rodinhas de bicicleta. parece que ele está com as patinhas traseiras quebradas. anda arrastando as duas da frente e a rodinha roda. um cão de cadeira de rodas.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Emails para Natasha - Parte IV
comi frango ao molho pardo numa panela de barro bem grande. sentei no banco da praça. olhei e vi as crianças, como pombos em volta do pipoqueiro, em volta do vendedor de bolhas de sabão. as bolhas refletiam a luz do sol da peneira das grandes árvores expressionistas enraizadas na praça. foi então que uma delas foi voando na minha direção. uma criança veio seguindo e ela, vagarosamente, parou no ar, entre nós dois. esplodiu. eu e o menino levamos um pequeno susto, e percebemos a nossa proximidade. era o menino do trem. engraçado, senti novamente o que tinha sentido naquela pousada fedorenta, olhando no espelho do banheiro. senti que eu não reconhecia mais aquele rosto. mas mesmo assim ainda era eu.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Emails para Natasha - Parte III
Emails para Natasha - Parte II
há essa hora, você provavelmente deve estar dormindo, e quando acordar eu já vou estar no caminho para Minas, com vento na cara, escutando Clube da Esquina no mp3, dormindo, acordando, babando, olhando as vacas, as fachadas com grafia errada, os esfarrapados em pequenas bicicletas, os vendedores de mel, e tudo aquilo que a gente viu naquela viagem da escola. Foi bom saber que você está bem, que está tudo certo ai com o Roberto. Eu to aprendendo a gostar desse cara, de início eu o odiava. Mande notícias sempre, ein? Se esse babaca fizer alguma coisa...
Como prometi, comprei um caderninho para escrever durante a viagem. Ah, pode deixar que eu vou procurar esse tal de César. É só dizer que sou seu amigo, não é?
To com um frio na barriga, mas não é de medo, cagaço, apesar de parecer. Às vezes eu sinto isso antes de entrar no palco. É como se a barriga estivesse comendo ela mesma, se corroendo. Não consigo dormir. Só de pensar nas coisas por vir, nas paisagens da janela, na concretização dos nossos ingênuos sonhos de criança, dá uma vontade de escrever e aqui estou, com saudade de tudo, da gente, da escola, e até do que acabo de escrever, sinto tanta saudade da vida e dos segundos que passam que até sinto saudade dessa frase, não consigo terminá-la, preciso escrever, preciso, a vida é muito bonita para a gente dormir, amanhã espero a sua resposta e as coisas que ainda vão acontecer.
Emails para Natasha - Parte I
e, então, nesse ato que te falei, chamei por você. é sério. eu também só fui entender isso na tarde de hoje, quando acordei. eu cansei. cansei do que eu era, do que a gente não era ainda. eu, fora do corpo, percebi que te amava. você pode imaginar também o quanto isso é confuso pra mim. mas é a mais pura verdade.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Não me recordo
O que ficou, relatos de minha mãe.
Parece que estranhei.
Algumas imagens perduram, outras não, como se ainda não existissem, mas já passaram.
Filmes que no final você jura que já viu antes. E viu.
Frases escondidas em pequenos movimentos do cotidiano.
Silêncios e sombras que já estavam lá antes.
Demora-se um tempo para perceber quem somos.
Ainda mais tempo perceber o que somos.
E estamos sempre, ainda, buscando um sentido.
Não me recordo a primeira vez que escrevi poesia.
Provavelmente, foi por uma menina.
Ou, por mim mesmo.
As correrias da infância são mais donas de mim que eu as sou.
A cada instante meu corpo indaga esse formato atual. Cresci muito.
Mas serei o mesmo?
Quando eu tinha consulta na pediatra, sempre escutava um pouco temeroso quando diziam que eu teria um metro e noventa. Estiquei. Tenho quase isso. Um e oitenta e seis.
Parece que isso teve algum efeito na minha alma também, no meu jeito de enxergar o mundo.
O mais óbvio é a minha miopia. Vejo tudo embaçado.
O mais óbvio é a poesia.
Vejo tudo embaçado.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
repercussões do filme "A Partida" na minh'alma
e foi isso.
um homem olhando os olhos de uma mulher.
todas as histórias do mundo existem aí.
ele fechou os olhos e viu todas as histórias do mundo.
ela fechou o mundo e viu todas as histórias.
e como uma janela sem cortinas ao avesso
eles viram a poesia.
ele olhou os olhos dela
e a poesia sorriu.
nos rostos das pedras portuguesas
o tempo caminhava mancando
o tempo olhou o relógio
e pulsou
o homem olhou a mulher
e ela teve um filho
e eles morreram
o rio flui
o rio tenta subir o salmão
o rio faz toda a sua força
para subir o salmão
e acasalar com a nascente
de que vale o esforço do rio
para subir o salmão
se o rio vai morrer
e o salmão vai cair no mar
eu jogava pedrinhas n'água
para ver quantas batidas faria
o máximo que consegui foi
iludir a pedra
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
nesse mundo e no outro
cada descoberta de América é um segredo
um mar entre os rostos
as cores explodem na minha boca
e começo a cantar uma dança
escrita nas paredes da escola
um, dois, três milênios atrás
o sorriso da mona lisa no estandarte
aparece com um feijão no dente
com a miséria do mundo
nos dentes
terça-feira, 25 de agosto de 2009
em filmes
bebi coca cola
e decorei as paisagens de nova iorque
em todas as décadas
corrijo na rua um assalto amador
com os movimentos que aprendi
de bandidos
dos estados unidos
sei jogar beisebol
e cantar o hino que o jimi hendrix tocou em woodstock há
40 anos atrás
uso jeans
do james dean
e gosto de samba de raiz
sábado, 22 de agosto de 2009
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Foi o que ele me disse, depois de cuspir o sangue da boca.
Minha mão estava doendo.
Foi a última vez que o vi.
Depois disso, larguei tudo. Foi como se tudo o que eu tinha construído até aquele momento não significava nada. Eu precisava sentir o vento na cara.
Na estrada as coisas ficam mais leves. O vento na cara ajuda a limpar as sujeiras da cabeça, as sujeiras que não saem no banho.
"A vida é um ringue...". Idiota. Por que? Por que? Se ele ao menos tivesse falado comigo. Mas agora é tarde. Mais um, garçom. Bares são iguais em qualquer parte. Homens idiotas e bebidas. Só os garçons tem mães. "Só os garçons...". Sem querer eu repito todas as frases dele. Dizem que até o jeito de andar, de falar, é igual. Quando falam isso me dá nojo. Dá vontade de sumir. Saí sem pagar a conta. O segurança encostou em mim. Agora ele vê dois de todo mundo.
Antes eu não faria isso. Agora, já não tenho nada a perder. Vou perder o que?
A estrada é uma coisa bonita. Hoje eu chorei, olhando a estrada. As coisas que passam, as casas ferradas, as crinças ferradas, os pneus furados, os cadáveres de cachorros. Isso me emociona. Não sei por que. Isso me emociona.
domingo, 16 de agosto de 2009
Fazendo uma poesia
No entre-sono, quase-sono, escrevi alguns versos.
Comecei assim:
"Eu quero a ausência de um domingo"
foi a frase inicial que me veio. isso acontece de vez em quando.
uma frase vem. e dela o resto nasce. como se a frase fosse a semente da poesia.
continuei
"Eu quero a ausência de um domingo
e só"
às vezes ficamos procurando as palavras. às vezes ficamos perdendo as palavras.
então escrevi algo que estava procurando sentir. isso acontece também. você escreve como uma forma de sentir
"Eu quero a ausência de um domingo
e só
chegar ao ponto de não pensar
na vida
na morte"
às vezes você de certa forma desiste daquele caminho
"Eu quero a ausência de um domingo
e só
chegar ao ponto de não pensar
na vida
na morte
natural só um satélite feito a Lua
que é mais feio do que você"
essa última frase me trouxe o que eu realmente queria falar.
isso acontece bastante na poesia. você fala muitas coisas para conseguir achar o que realmente quer falar. aquilo então é a poesia.
a última frase me trouxe uma coisa infantil, que eu estava buscando. tenho buscado bastante uma espécie de libertação do pensamento, do jeito de pensar 'normal'. tenho tido vontade de falar como falava criança. então a verdadeira poesia começou e veio numa tacada só. com velocidade.
geralmente acontece isso. quando se sabe o que vai falar. quando você sente que ali tem petróleo, que o chão é fértil, a poesia vem acelerada.
veio assim:
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eu sou pequeno
mais menor do que um pedaço de unha
caído no canto da sala que tem uma
dona aranha cuidando
com suas patinhas e teias
eu sou bem pequeno
menor do que o brilho que tem
nos seus olhos
quando você chora ou sorri
eu sou muito pequeno
que quase sumo
quando você pisca
enquanto você lê
enquanto
essas palavras
também somem
e só restam
os sonhos, os amores, as promessas do mundo
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não sou de reescrever poesia.
pode ser um grande erro, de principiante.
ou talvez seja o meu jeito de errar.
aprender com os erros.
é difícil se criticar. O blog está ai pra isso também.
Gosto de saber opiniões, dúvidas, sentimentos dos leitores.
Ainda estou procurando a poesia.
e nunca vou achar. Ainda bem.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Diálogos Catárticos - cena I
- Não acredito.
- Pode acreditar.
- Como pode?
- Não sei.
- E agora?
- Não sei. Não sei. Eu nunca...
- A gente tem que limpar tudo. A gente tem que limpar essa sujeira toda.
- Minha camisa tá com sangue.
- Eu não acredito! A gente tinha combinado outra coisa!
- Meu tênis também...
- Você tá me ouvindo! Não era esse o combinado!
- Não grita comigo não! Você não tava lá! Você não tava lá! Você não viu os olhos dele, você não tava lá e olhou, de frente, olhou bem nos olhos dele!
- Pára!
- Isso, chora, você num ia aguentar um segundo olhando os olhos dele.
- Não era pra ter sido assim. A gente falou que não ia...
- Foi um acidente!
- Como pode? Como pode? O Juninho, porquinho preferido do Dudu...
- Não sei...
- E o que eu digo pro Dudu? "Papai matou o Juninho"?"Hoje vamos comer porco, Dudu"?
- Diga a verdade. Ele já é grande.
- É. Já está quase um homem.
- Quando eu tinha a idade dele, já tava matando, e não era porco não, era gente mermo.
- Eu lembro.
- Então. Vai dizer?
- Tá. Mas pelo amor de Deus, limpa isso ai. Mais em cima.
- Eu te amo.
- Sei.
- Dudu? Você tava ai?
- Dudu, meu filho! Você tá ai há muito tempo?
- Dudu! A arma do papai! Coloca no ch...
- Gomes!!! Ahhhhhh!!!
- Mãe, fica quieta.
- Meu Deus!!!
- Fica quieta!
- AHHhhhhh...
- Agora sim. Já falei pra não mexerem no meu porquinho. Eu sempre falei pra não mexerem no meu porquinho! Vocês mexeram no Juninho, porra!!! Vocês não tinham o direito!!! Ouviu mãe, ouviu?
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Primeira namorada
Mas eu sentei no banco que tinha ali
depois de andar um pouco
o som abafado
de festa no longe
Sentei e pensei
na vida
nas palavras que não saíram da minha boca
quando ela sentou do meu lado
o silêncio sempre me acompanhou
quando eu estava sozinho
o silêncio foi minha primeira namorada
sábado, 8 de agosto de 2009
Saudade
Então eu me transformei. Dei-me asas. Voei ao redor do mundo. Percebi que o mundo cabe na palma da visão. Percebi que a Terra tem mais água que terra. Percebi que as pessoas vivem amontoadas, tem muito espaço vazio sobrando. Bateu uma saudade. De quando eu não sabia nada.
Então eu me transformei. Cortei-me as asas. Escolhi um pequeno círculo de terra para viver. Estrategicamente escolhido, havia água, terra, sol, vento. Percebi que existe uma força maior do que podemos entender. Isso me intrigou. Decidi imaginar o que seria essa força.
Então eu me transformei. Dei-me a força. Criei, da água, da terra, da lama, um homem. Não sabendo ao certo como fazê-lo, fiz minha própria fisionomia. Terminei e contemplei. Faltava algo.
Faltava a saudade que batia em mim. Criei uma saudade feita de passarinho. Coloquei no coração do homem. O homem então chorou. Fiquei feliz.
Então eu me transformei. Cortei-me a força. Fiquei nu. Decidi virar algo inútil, pequeno, frágil, sem valor. Virei uma lata. O homem ainda vai me catar. Quando isso acontecer, passarinho vai voar do coração e pousar de novo da minha mão. Pra saudade voltar pra mim.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Pequenos tesouros
Olha, era aqui nesse pedaço de chão que a gente costumava sentar. Eu gostava de dormir no chão. Dormir em qualquer lugar. A camisa da escola era branca, mas ficava cinza, encardida, suja de chão. O que estou fazendo aqui? Nada do que eu pensar vai trazer de volta aquele tempo e principalmente aquele espaço. Olha, era ali a parede onde a gente jogava bola. Ainda tem algumas marcas de bola. Eu as toco.
Eu sempre pensei que acharia tesouros escondidos. Eu deveria ter escondidos alguns. Talvez agora os achasse.
Aqui era o refeitório. Como estão pequenas as mesas e as cadeiras. Foi aqui que o Pedro declarou o seu amor pra Manu. Aqui eu imitava o Jim Carey. A mulher que servia a gente tinha um problema de fala. Ela não falava "frango", falava "fagango". Coitada. A gente zoava ela. Pedia pra ela repetir qual era a comida do dia, só pra ouvir ela falar "fagango".
E de repente, reconheço um menino. Ele vem caminhando na minha direção. Sou eu mesmo. Ele pede que eu o siga. Sigo. Entro num lugar meio escondido, no almoxarifado antigo, muita poeira, pedaços de madeira. Por entre os escombros, uma pequena porta. O menino, eu, entra e fecha a porta. Das frestas da porta vejo uma luz. Coloco a mão na maçaneta. Abro-a.
Acordo num quarto. O quarto é vazio, tem apenas um colchão, uma escrivaninha velha, de madeira, o quarto é escuro, as paredes são de madeira escura. Da porta do quarto, escuto uma música. Parece uma flauta, daquelas árabes. Um som estranho. A porta é de vidro fosco, e consigo ver a silhueta de um corredor. Das frestas da porta entra uma névoa, uma fumaça. Um cheiro estranho. Talvez um incenso. Oriental.
Abro a porta e lá está o corredor. A música aumenta. Eu nunca ouvi essa música na minha vida. Eu sempre ouvi essa música na minha vida. Sinto-me envolvido por forças desconhecidas. Não há necessariamente gravidade, nem as leis da física nesse local. Sinto como se estivesse num espaço artificial, criado pelas circunstâncias da minha mente, seguindo apenas as maleáveis convenções dos sonhos.
Acordo em meu quarto. Estou paralisado. Meu corpo está completamente paralisado. Tento gritar, a voz também não sai. Há vinte anos eu não caminhava.
Dormindo em qualquer pedaço de chão, estava ele. O menino sorriu e me mostrou um senhor, deitado no chão. Ao perceber em seus olhos a vida que sonhava, pedi para o senhor que me seguisse.
Fui até a porta. Abri.
Eu sempre procurei tesouros escondidos, nos olhos das pessoas.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
Poesia sobre São João del Rey
onde estava uma poesia
sensacional
falando de São João Del Rey.
então vamos fazer o seguinte:
pense nessa poesia.
eu quero que você invente essa poesia
do jeito que você quiser
o importante é falar de São João Del Rey
ser bonita, sabe, uma poesia bem bonita
isso.
Numa Igreja em São João Del Rey
quase é possível ver
as pessoas antigas
com suas roupas antiquadas
a formosura
as crianças brincando
um cheiro perfumado
de perfume barato
sabonete desses de farmácia
do interior: pharmácia
todos em seus melhores trajes
a vida acontecendo
em cada sorriso - o sino badala -
os sapatinhos da menina
brilham na noite
uma festa colorida
de pretos, brancos, mulatos,
brasileiros
o que quer que seja brasileiro
as coroas bem cuidadas
- deve ser o friozinho
a comida
a vida, enfim
o ritmo da vida
que pulsa mais lento
procisão
feliz
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Cenas
abriu as calças
e fez xixi na areia
escrevendo a palavra
"amor"
na areia
do outro lado da cidade
a mulher dele
chorava no chuveiro
depois de ter tomado
vários remédios
e uma garrafa de vinho
barato
no apartamento do lado
não tinha ninguém
só o johnny
o cão da família
na varanda
olhando o passarinho que pousou
e depois voou
segunda-feira, 13 de julho de 2009
A vida tem algumas coisas que eu acho interessantes. Na verdade, ela toda é.
é impraticável
a luz na piscina
me lembra um filme
seus olhos
distantes
como se fossem os meus
um cão late ao fundo
passa um avião
estou sozinho
com você no coração
rimou,
mas não era pra ter
rimado
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Lavagem Nasal com Soro Fisiológico
um catarro dentro da minha cara
uma força atrás dos olhos
impregnando os brancos com um tom de Ré diminuto
sinto seu corpo dentro da minha cara
nos passos redondos de uma doença
a dança de catarro entope o próprio torpor
transformando o travesseiro em crença
a sinusite parece você
por mais que eu insiste
a sinusite, parece você
um c
........a
..........t
.........a
............r
...........r
.............o
sábado, 4 de julho de 2009
Quero dormir nesse orvalho
quero dormir nesse orvalho
eu não valho nem uma gota caída
e a saída de mim mesmo dá trabalho
quero dormir nesse orvalho
e num ato falho reviver o que sou
quero dormir nesse chão
e de tão cansado acordar
tomo ar como alimento
respirando o vento que pousou
quero dormir nesse orvalho
e virar só sono
virar o orvalho
dormindo em mim
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Tem alguma coisa
entregando os lençóis ao mar, num fio de Sol
repousando as mãos por de sobre o mundo
o vento bateu asas nos meus olhos
e eu enxerguei o futuro
o futuro teve que tirar os quatro sisos
de uma só vez
o céu de açaí brotou
e a memória correu maratonas
1- longe, bem longe, quase consigo ver a palma da minha mão voando
5- existe um lugar, perto do nunca, que eu nunca fui
Gomes relata:
- Era noite. Na Urca nem um gemido. O mar batia nas pedras. O meu carro atravessou, rápido, como um tiro. Matei a cidade. Menos eu sobrou vivo.
A Imprensa informa:
- Escândalo revelado! foi encontrada uma poesia com 3 tiros.
3- "Parte de mim se vai no infinito"
acordei com novas páginas nos olhos.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Preto ou Branco
na luta contra o tempo
você corria pra frente
andando pra trás
nem homem, nem mulher
nem preto, nem branco
nem adulto, nem criança
mas tudo e ao mesmo tempo
nada
terça-feira, 23 de junho de 2009
Passeio
foi nas paredes da creche
domingo, 14 de junho de 2009
terça-feira, 9 de junho de 2009
pombas!
segunda-feira, 8 de junho de 2009
paredes do vento
segunda-feira, 1 de junho de 2009
mar
o barulho de rio
ou de mar
me faz lembrar
o vazio
que é existir
sem amar
o brilho do mar
é uma constelação
no céu refletido
o meu rosto, meus olhos
pequenas estrelas
distantes de tudo que existe
e perto de tudo que ama
a chama trêmula no mar insiste
em espalhar sonhos
de amantes
o mar dança no silêncio do meu quarto
que dança no mar do meu silêncio
uma valsa invisível sobre o tempo
domingo, 31 de maio de 2009
pontos
.
hoje eu fechei os olhos e entendi o Sol
entendi que as coisas são feitas eternas
e que só hoje posso brindar o futuro
meus olhos passeiam pela vida com a certeza
de alcançar os rios mais bonitos do planeta
e tocar os pés no encontro de águas
chorar
e navegar em qualquer embarcação
para qualquer porto
porque o rio que passa na minha aldeia
são todos os rios do mundo
e nenhum rio do mundo
eu não tenho nenhum rio que passe em minha aldeia:
ela já é o rio
eu já sou a aldeia
ah! essas músicas idiotas não me saem da cabeça
não se pode mais fazer nada
um copo de chopp, cigarros, eu inventei promessas
e os futuros continuam os mesmos
somente o presente mente
só
eu seguro, então, nos seus braços
e juntos vamos contemplar a transitoriedade das coisas eternas
olhando o Sol, os prédios
a vontade de ser livre
o pombo atropelado no meio da rua
e o silêncio que de dele emana
antes eu saberia fazer rimas
e juntaria palavras como ímãs
mas hoje não sou mais poeta
perdi o alvo, a reta, a seta
estou nú diante de Deus (diante de mim mesmo)
lá vai aquele homem vestindo sua couraça
de pobreza e sorriso
eu daria um pão
eu daria minha vida
se não fosse pobre de espírito
se não pedisse migalhas de poesias
pelas ruas, pelos rios, tentando decifrar a natureza
cometemos muitos erros ao tentar decifrar a natureza:
a poesia se perde, como agora.
eu poderia dar pontos nos nós
dizer pra que vim ao mundo
falar a Verdade.
mas eu olho os olhos das crianças no metro:
elas não tem olhos, tem espelhos.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
beijo torto
colocou o mundo no lugar
o beijo ainda existe
no lugares do meu amor
um beijo torto
que existe apesar do chão
da gravidade
azulejos
espelho do banheiro
escada
todo mundo passa
correndo
mas eu vejo
câmera-lenta
domingo, 24 de maio de 2009
sábado, 23 de maio de 2009
A poesia nem existe
.
como faltou água hoje na descarga do banheiro
enchi um balde com água e desinfetante
depois que defequei.
joguei de uma vez só
e a minha sujeira desceu toda.
pouco tempo atrás eu estava pedindo
para alguém me limpar.
mas eu sei que o tempo não existe
do jeito que achamos que existe:
o que chamamos tempo
pode ser somente o acontecimento simultâneo
de eventos.
eu aqui jogando o balde com água e desinfetante
na privada
e os ponteiros do relógio do meu pulso
marcando 19:50.
o que eu gosto na poesia
é sincronizar
imagens
e
sons
que nunca existiram juntos.
desse jeito
ao ler a poesia
conseguimos viver no presente atemporal
de toda a nossa eternidade e efêmeridade
através de todas as banais ações e eventos
conseguimos viver a poesia
sem dimensões.
ler uma poesia assim
talvez seja
por um tempo indefinido (pois não há de fato)
ser o que se é,
sem metáforas
sem rimas
sem fim,
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Teoria Quântica Unificada
Introdução e análise da dinâmica dos corpos em desmovimento
Tive o sonho místico dos cientistas
profetizei como Einstein, Descartes
o futuro do mundo em mil pontos de vista
Tive o sonho místico dos cientistas
profetizei como Einstein, Descartes
o futuro do mundo sem restos, sem pistas
o templo era toda a natureza e suas partes
Primeiro vi Deuses e Deusas lindas
inventando fenômenos, destruindo vidas
tive o sonho místico dos cientistas
por um corte preciso no tempo e no espaço
entendi Deus, os Homens e a Poesia
entendi que os poetas são deuses
e que Deus é poeta
vi Fernando Pessoa voando
com asas feitas de papel vagabundo
tinha também o Bandeira
pescando palavras numa
piscina de plástico
ao seu lado
Vinícius bebia chuva
de um copo de nuvem
tive o sonho místico dos cientistas
e fiz esse artigo
vou publicá-lo em algum periódico
de física avançada
terça-feira, 19 de maio de 2009
Importância
Procuro-te perdido em mim.
Improviso em Sevilha n:1
em Sevilha, o escuro é claro
os touros estão nas ruas
nas paredes e no creme
só vejo os meus passos
num passado que se perdeu
o Sol de Sevilha
seca o que nunca foi meu
o Som de Sevilha
berra um silêncio d'Orfeu
e eu firmo os pés na areia da arena:
revejo mil vezes a cena:
o pano vermelho é minha camisa
na brisa amena do dia em Sevilha
por que o dia
é Sevilha
assim como Sevilha
é o dia?
domingo, 17 de maio de 2009
Amanhã
os versos ficaram mais lentos no futuro.
é a minha respiração que mudou amanhã.
ela queima quando passa nos pulmões
e quando sai no papel.
daqui a vinte anos
fiz a minha vida mudar.
escolhi o que colhi
escrevi o que eu vi
amanhã.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Vida Privada
Estava dormindo.
Pausa
quinta-feira, 14 de maio de 2009
compasso em 5
ela rebola
de banda larga
de bunda
ela anda
ela passa
na minha cabeça
sem pressa
ela anda
balança
a bunda
balança
a bunda
balança
o mundo
ela anda
e rebola
quadris
eu quis
entender
as coisas
eu caí
no chão
de bunda
ela bunda
anda
rebola
a terra
pra lá
e pra cá
ela rebola
a bunda
ela cai
de terra
em terra
e bunda
o mundo
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Outro
Chorei até molhar os livres.
Quem fala em mim é sempre outro.
Chorei, enfim, de risos tristes.
Quem anda descalço no cinema
tem os pés pisando sonhos.
Quem corre atrás de morena
só tem os calos que calam
só tem os olhos nos olhos
do Outro.
Eu queria ser a terra nos pés.
Falta-me coragem para ser de terra.
Faltam-me páginas para molhar a terra.
Falto-me eu no Outro.
Pra que servem palavras senão para parar o sentido do mundo?
Se eu pudesse sumir
voando nas minhas palavras
desaparecendo na minha linguagem
virar um pó
sem imagem
nem som:
mistério.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Passatempo
e fura vazios no queijo
e desenlaça o cadarço da água da pia
de vez em quando vira passatempo.
quem pula relógios feitos por raios de sol
e cisma em escutar o que está escondido
nas mão fechadas da amiga
é na verdade mentira.
se você descobre quantas gotas de vidro
caem da chuva
e quantas poeiras o carro do pai
brinca de futebol
você também vira passatempo.
é inevitável.
quem gira a cabeça de um cão
ao chegar no apartamento
tem dentes brancos e postiços
quem desliga a tv com um pedaço de vassoura
sonha que está na penumbra que vem do oceano atlântico
quem corre atrás da lua
e come frango com quiabo
e depois dá um pedaço da lua
para o garfo provar
merece o meu respeito.
domingo, 10 de maio de 2009
Mãe
para entrar para a História
você é o começo da minha memória
Fiquei na sua barriga
comendo a sua comida
sem ajudar na conta
ouví o que você ouvia
sentí o você sentia
e até sonhei seus sonhos
nosso coração bateu junto
no pulso da nossa alegria
de meu vir-ao-mundo
às vezes quando te vejo
percebo que você se vê
no meus (teus) olhos
às vezes quando sinto medo
eu guardo um pequeno segredo:
chamo o teu nome baixinho
desculpa se não comprei presente caro
não foi falta de carinho
sou apenas um estagiário
pra mim também só tem sentido
se o presente for sentido
como um poema espontâneo (especialmente criado)
você me deu a luz
nos sentidos infinitos dessa palavra
espero dar-te, então
o brilho dos meus olhos
ao viver na tua sombra
sábado, 9 de maio de 2009
A dança
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Não Rima
As Meninas
você me pediu pra namorar com você
eu perguntei:
- o que que eu preciso fazer?
você me falou:
- ah, a gente tem que andar de mão dada, e você me dar presente.
- então tá.
desde aquele dia
aquele dia de sol que cega a gente de tão sol
as meninas não eram mais meninas
eram coisas que queriam que a gente fizesse alguma coisa
pra ficar junto delas
um ano depois
dentro da cabine do banheiro da escola
uma outra me deu um beijo na boca
as amigas dela subiram nas privadas
das cabines ao lado
pra olhar
cinco segundos depois
a menina e as amigas tinham ido embora
e eu lá
acho que eu to parado
naquela cabine do banheiro
até hoje
tentando entender
as meninas
terça-feira, 5 de maio de 2009
Passou
Peraí!
Quem falou que o céu é azul?
que as coisas caem?
que pra lá é o sul?
que o mar é salgado?
que 2 + 2 são 4?
que Deus é Um?
Eu repito que o céu é azul.
O céu repete que azul é.
O azul repete que céu é eu.
O repete repete que o céu é azul que o céu.
O repete repete que o céu é azul que o céu é.
Azul.
Se o céu azul fosse o céu azul
fóssil assim azul
se o seu céu e o meu céu fossem assim
azuis
os seus, os céus, ósseos fossem fósseis
assim fáceis assim
não teria poesia
e seria azia
em vez de asa.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Boca
como quem bota a boca no mundo
na boca vou provar o mundo
como a bota bota a perna no mundo
como a galinha bota ovo novo
como a panela bota nela o ovo
como a gema é amarela e mela
como a boca cabe tudo do mundo
como a parede pega a rede e balança
como a balança deixa a pança maior
como a maior das maravilhas fervilha
como a comida na ida ainda moída
como a boca bota a boca no mundo
o sabor da lua é um vazio na boca
o sabor da lua é uma boca mordida
o sabor da sua boca vaza a lua mordida
o saber do mundo louco lua minguante
por mais que a boca abra louca e cante
eu como o mundo com a boca
que baba
domingo, 3 de maio de 2009
Era
e tantas eras e tantas heras
e vez em quando enquanto era
vezes tontas: era ela.
Destrambelha
pula o rodeio
destrambelha o horizonte
nosso coração sonolento
quer devorar sonhos de algodão
nas nuvens
é quando pula o cão
na água do mar
brilho - olho - solidão
encostar o ouvido no sabor das coisas
apalpar a delícia da lembrança
como suco de abacate
sábado, 2 de maio de 2009
Quase
colocar os pezinhos pequenos na espuma da onda quebrada.
levantar, desequilibrado, e andar até minha mãe.
queria a sensação de dominar o mundo, a cada palavra.
as coisas cismam em estar.
eu queria o quase.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Poesia se faz?
Cortar, cortar. Catar feijões.
Um trabalho mineirador, que penera as palavras.
Achar a essência da poesia.
Sua forma mínima no tempo. Seu espaço mínimo no tempo.
Faz sentido. Parece que grande parte dos poetas, ou
a parte dos poetas grandes, segue essa "regra".
Mas,
poesia se faz?
Ou se acha,
descobre?
Ah, mas mesmo assim, achando-a como um diamante bruto:
é preciso lapidá-la?
Eu não sei ainda...
O que vocês acham?
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Lição n:1 de Poesia
desprenho mais poesia.
do meu ventre de Homem.
do meu pau.
a cada dia que passa as palavras vão sumindo.
primeiro das letras.
depois dos fonemas.
depois dos ouvidos.
depois dos olhos.
depois da pele.
depois das pernas.
e correm atrás de poesia.
não dá mais pra andar na rua.
os carros não passam, eles arranham com seus érres.
o asfalto falta.
a moto mata.
não dá mais pra andar na rua.
a cada esbarrão o meu nome embaralha as minhas letras com as da pessoa.
não dá mais pra me olhar no espelho.
porque eu não vejo eu, eu vejo ue.
não dá mais pra cagar direito.
é como se eu fosse perdendo letras, palavras inteiras, pelo vaso.
não dá mais pra te amar, mãe.
eu não sei mais amar, mãe.
amar, mamar, mar...
puta que pariu.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
2 Irmãos
não falam direito um com o outro
os dois tem razão, e esse é o problema
a guerra não vai terminar nunca
Conheço dois irmãos que se ignoram
a ignorância é o único mal, palavras implicam
já não se sabe quem começou o que, não existe começo
as palavras também não tem fim, já disse que
se multiplicam ao infinito
Conheço dois irmãos que se justificam
desviam as setas de si mesmos
como alvos-ambulantes correndo atrás de segredos
tropeçando no infinito, descarregando escuridões
conhecem apenas o que os olhos não vêem
Conheço dois irmãos que se calam
palavras contidas, em conta-gotas, feridas
e só doses homeopáticas de poesia
podem corroer o qu'era veneno
deixar correrem os meninos
redescobrindo uma infância tardia, que arde
Conheço dois irmãos porque não os conheço
enxergo de fora o que tenho medo de olhar pra dentro
em cada palavra uma cura descubro
que curando-os cura a mim mesmo
procurando o escuro de mim mesmo
só conheço dois irmãos, inseparavelmente
só conheço dois lados da mesma moeda
só conheço os dois irmãos que sou-me
Conheço dois irmãos que se amam
Diálago entre Deus e Einstein
- Evidentemente.
- De onde tirou isso?
- Ué, pois joga?
- Jogo. E adoro, por sinal.
- Eu achava que tudo tinha uma explicação científica...
- Achou errado.
- Mas...
- Einstein, você confundiu seus irmãos.
- Não tive irmãos, só irmãs.
- Tô falando dos humanos em geral.
- Ah, sim. Mas, Deus...
- Porque você nunca me chama de "Pai"?
- Você faz tanta questão?
- Qual o problema?
- Mas, "Pai"...
- Olha o tom de voz...
- "Pai", quer dizer que as minhas teorias estavam erradas?
- Sim.
- O que exatamente estava errado?
- A questão é o seguinte, filho: nem tudo são números.
- Como assim? O que é tudo então, por favor, me diga, preciso saber!
- Quer saber o que é tudo?
- Minha vida inteira. Desde a primeira vez que olhei as estrelas no céu, quis saber o que significava...
- Se eu te contar, você jura não me encher mais o saco?
- Juro!
- Palavra de escoteiro?
- Palavra de escoteiro!
- Mindinho com mindinho?
- Mindinho com mindinho!
- Tudo é poesia.
sábado, 25 de abril de 2009
Ao infinito
esfregando minhas mãos pelos carros que correm
arranhando a minha pele com os ponteiros das horas
de todos os relógios em todos os pulsos
em cada esquina existe uma menina
e em cada menina existe um história de ninar
em cada esquina existe um perigo que me fascina
em cada menina eu te vejo, minha menina, e começo a rimar
porque em cada rima existe um mundo
em cada poesia eu me multiplico
sou feito palavra
que muda de significado ao infinito
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Espetáculo
o mundo ficou um pouco calado
calado demais
depois de tantos tiros
e tantos frios
um morno silêncio paira no ar
entorpecente aurora
que com sua luz
cala os fracos
e seduz os opressores
não quero cantar um mundo futuro
nem um mundo caduco
até porque tantos outros mais afinados
e de mais repertório
já cantaram
mais sinto essa luz matinal na pele
essa luz do presente
e não sinto nada
o que cantar?
as coisas mais belas adormecem...
num mundo sonolento
na velocidade da luz, mais, na velocidade do tempo
do pensamento
da energia elétrica
do wi-fi
e natureza estranha
olhando esse espetáculo vazio
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Coitados
porque todos os garotos (e algumas garotas)
roubavam suas balas
coitado do porteiro da escola
que já de manhazinha, suado,
exibia suas mal cheirosas pizzas
coitada da menina que era gorda
e pior ainda
continua gorda e solitária no fundo da sala
coitado do calado
que nunca pode dizer eu te amo
pra menina que sentava do lado
coitado do professor novato
no primeiro dia
percebeu que não servia pra isso
coitada da menina
que perdeu a mãe
e ficou doente do coração
coitado do garoto
que sonhava acordado
hoje escreve essa poesia
e ainda vai dormir
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Aprendi
e trazendo concha, ou pedrinha, alga
aprendi olhando a criança deixar o mar encostar no pé
eu mesmo deixando a criança encostando o mar no pé encostar na visão
como o mar, a espuma, as velas no horizonte, longe, a proximidade das coisas
com o mistério viver
eu poderia ficar parado por horas
parado só aprendendo
seria melhor do que correr até o final da praia
suar, exercitar os músculos, os órgãos
sem sair do lugar
porque ao ver o mar, a criança e eu mesmo
eu saí da frente do mar, da frente da criança
e de dentro de mim
não estava no metrô da cidade
nem no reflexo do cartaz, nem no olhar das pessoas
nem no útero de minha mãe, nem no sorriso da calçada
nas linhas retas das nuvens
não pertencia a nenhum grupo, nenhuma tribo,
não carregava nenhum sentimento ancestral
era só eu
e só
olhei para o mar
e pensei:
isso que vejo
está ai fora
ou está
aqui dentro?
Série - Coisas que gosto nas coisas - n°1
1) achar a palavra certa para as coisas
2) perder as palavras
- a poesia da Marta:
foi legal a água e o açúcar
que que eu mais gosto de fazer...
é difícil, eu gosto de muita coisa
eu gosto de ir no parque aquático
eu sinto a água
gffjhj5huiydrs...
hjgthgygffddfggg;;;;
pronto, esse daí é diferente
as setedfdffcfgvgfvggvgggbhkkl,l,~]~
]
]]]´~´çççç;~;/]~~;;;
é diferente mais ainda
de todas!
as mifgmkjfghnjknhjhmhhbb..........
muito mais diferentes de todas
2)segunda poesia da Martha:
hhjjgghkkjojjhjjkokkl,llç...?c mnhjkjj gvghif???????
(Martha é uma menina filha da minha colega
aqui do trabalho - hoje ela explicou pra mim
o que era poesia)
sábado, 18 de abril de 2009
c@belos
a luz no cabelo da menina
o sol no cabelo da menina
o sol cabelo
no mar da menina
nomear só .......................................................................distancia
o brilho do cabelo
o mar da luz
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
arrepio de verão
mas as palavras não se pertecem
que nem o sol
que não pertence ao cabelo da menina
mas ilumina
o sono de sábado
dormindo debaixo do sonho
seguindo o sol dos cabelos
ponto de fuga infinito
sou um ser imortal
porque crio
porque acredito
o teu cabelo ao vento
sobrenome: liberdade
e nas esquinas de nosso tempo
cruzam trens desgovernados
a vida não se traduz poesia
nem os cabelos luz
é esperar com os olhos
o que a poesia não vê.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
4 Amigos
................................................................................................rapaz, deixa eu te contar uma coisa
................................diga meu caro........................................
................................meu carro!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
--------------------------------quando eu a vejo...........meus olhos mudam de direção
------------------sério?
--------------------------------------------o sorriso dela
--------------------------------------------é o Sol
--------------------------------------------na janela
ele tá----------------------------------------------------aprisioxonado
Fast-Poetry 2
just in time to dream with you
even if I was a poet writing
I fell my language with a strange review
the words, one by one, are dying
in my ears they sing requiems and cry
when I try to write other way, I'm lying
but I try, I still gonna try, and still gonna try
have you ever been trapped
by your own world?
words, phrases, sentences,
if I could break my heart
and write a poem with blood
then I would be mine
Fast-Poetry
into little pieces of dreams
i would know you from the beggining
i would turn myself in you
i fell the breath of nature
telling me things from the past
it is a kind of intuition
i know my heart is cloudy
i know the color of your blues
i just don't know when to stop
and when to cry
the sun takes your inner sun
the sky is angry, the gods fell sorry
something tells me that
your love is full of hate
and there's always a place in destiny
for two little dreamers
and two little divers of heart's ocean
my heart is like the ocean
but the water can't break the stone
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Alquimia
as sombras
em ouro
ainda vou transformar
a metamorfose
em metáfora
ainda vou transformar
teu sorriso
em símbolo
ainda vôo
Soneto Antiqüado
trouxe uma nova bagagem de merchandising
o lennon fez uma revolução deitado na cama
hoje no youtube você nem precisa rimarising
dizem que vivemos numa era de amadorismo
já me acusaram de cometer atentado ao pudor
eu tento pois que tento ler antigos, romantismo
o troço não entende o agora, esse globalworldor
vivemos num tempo de não-partidos, nem
homem nem mulher, algo indefinidamente clean
o politicamente correto nem é mais político, tem
cheiro branco, olhos azuis, cabelo vermelho pichaen
eu só queria que me reconhecessem como O
Poeta do tempo atual, eu queria a glória do hall
da fama, ser reconhecido lá fora, ganhar O
DIREITO DE SER ARTISTA, o dinheiro no final
no final de um poema sempre tem um dilema
no final de um dilema sempre tem um poema
no final de um final sempre tem um começo
no final de um
no final de
no final
no
n
Lei 948325/2009:
parágrafo único:
É proibído fazer sonetos.